- Cesta básica de Porto Alegre é a mais cara do Brasil;
- Aracaju tem a cesta básica mais barata, por R4 490,93;
- Mais da metade do salário mínimo é usada para fazer compras de supermercado.
Uma recente pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostrou o custo médio da cesta básica no Brasil. Das 17 capitais pesquisadas, 13 apontaram um aumento expressivo.
Os maiores preços foram identificados na cesta básica de Campo Grande em 3,48%, Belo Horizonte em 2,45% e Brasília em 2,10%. Por outro lado, em algumas cidades foram notadas quedas significativas, como em Aracaju com -6,56%, Curitiba com -3,12%, Fortaleza com -1,88% e João Pessoa com -0,28%.
Nota-se que o percentual mais alto realmente é o de Porto Alegre, que gera um custo de R$ 664,67 na cesta básica. A alta no mês de agosto foi de 1,18%.
Já em Florianópolis está a segunda cesta mais cara do país, cobrando R$ 659 devido ao reajuste de 0,7% no mês. Em terceiro lugar está a de São Paulo por R$ 650,50, após a correção de 1,56%.
A mais barata de todas é a de Aracaju que está por R$ 456,40, seguida por Salvador, que vale R$ 485,44 e João Pessoa por R$ 490,93. Além da alta geral no preço da cesta básica, alguns itens de consumo essenciais nas casas das famílias brasileiras também tiveram um reajuste significativo.
O temor dos brasileiros tem se concretizado a cada dia que passa, e as queixas sobre os aumentos nos preços se tornaram cada vez mais constantes. A alta na inflação afeta diretamente nos reajustes de combustível, aluguel, gás de cozinha, e também, dos alimentos.
É o caso do café em pó que subiu em todas as capitais brasileiras. Na situação específica deste produto, o reajuste pode ser justificado pela queima das plantações durante a repentina temporada de frio há algumas semanas, que pegou os produtos despreparados.
O açúcar também teve um reajuste em 16 capitais brasileiras. A média de percentual gira em torno de 10,54% na cidade de Florianópolis e 9,03% em Curitiba. Já o litro de leite integral aumentou em 14 das 17 capitais brasileiras pesquisadas. A alta foi de 5,7% em Aracaju e de 2,41% em João Pessoa.
Cesta básica compromete salário mínimo
O destino de boa parte do salário para a compra de produtos alimentícios faz nitidamente parte da rotina do brasileiro. No entanto, de alguns meses para cá, a remunerações dos trabalhadores tem ficado cada vez mais comprometida com a alimentação e o motivo é o aumento constante e excessivo nos preços dos mais diversos alimentos.
É o caso do autônomo José Helenildo que conta que a renda recebida por ele, na prática, não teve um reajuste significativo. Mas em contrapartida, ele reconhece que os preços aplicados nos supermercados dispararam.
Ele faz uma comparação, lembrando que tempos atrás o trabalhador brasileiro pagava em torno de R$ 10 reais em um pacote de arroz, que agora praticamente dobrou.
O Dieese apurou que mais da metade da renda de trabalhadores que ganham um salário mínimo é destinada à itens que compõem a cesta básica. Esta análise equivale a 55,68% do piso nacional que hoje é de R$ 1.100.
O mesmo impasse é enfrentado pelo professor Wilson Ornellas, que se acostumou a optar somente pelo básico, como um pacote de arroz, um litro de leite, e assim por diante.
Ele reclama que nos tempos atuais não há mais condições para estocar mantimentos como se costumava fazer, independentemente da classe social.
Com base no valor atual da cesta básica de Porto Alegre, que custa R$ 664,67, o Dieese determinou que o salário mínimo ideal para suprir todas as despesas de uma família composta por quatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças, deveria ser de R$ 5.518.
O número que representa cinco vezes mais que o piso nacional vigente, considera gastos com alimentação, saúde, educação e segurança.
A pesquisa também indica que hoje, o cidadão brasileiro precisa trabalhar por mais tempo para conseguir comprar integralmente todos os itens da cesta básica.
A análise baseada no mês de julho do ano passado, considera uma jornada de trabalho de oito horas diárias, na qual o trabalhador demorava 12 dias para comprar a cesta básica.