O avanço da campanha de vacinação e os sinais de retomada da economia nos primeiros meses deste ano se mostraram insuficientes para melhorar o consumo dos brasileiros. A avaliação faz parte do estudo Consumer Insights, da consultoria Kantar, via BBC News Brasil.
Entre abril e junho deste ano, o índice, que considera o consumo dentro e fora de casa, apresentou redução de 6%. Na comparação com o ano passado, este número aponta uma retração.
O consumo dentro de casa teve elevação de 25%. Estão inclusos o consumo de itens como alimentos e produtos para higiene e limpeza. Apesar deste patamar, o consumo fora de casa puxou o índice para baixo. O consumo externo — que inclui itens como água mineral, sucos, chocolates e sanduíches — diminuiu 36%.
Esta somatória resultou no pior resultado da pesquisa desde que ela passou a ser feita, no início de 2019. No ano passado, o índice ficou positivo em cerca de 4%. Já no primeiro trimestre deste ano, o número ficou negativo em 5%.
Para os jovens entre 18 e 29 anos das classes A, B e C, o consumo fora de casa apresentou uma ligeira elevação. No entanto, para os mais velhos e mais pobres, o cenário foi diferente. Esta análise foi apontada pela presidente da divisão Worldpanel da Kantar, responsável pelo levantamento, Elen Wedemann.
Motivos que tornaram a vacinação e retomada da economia insuficientes para melhorar consumo
Uma das razões para o resultado adverso foi o desemprego — que acompanha a pobreza. Os dados da Kantar indicam que, em 17% dos lares do país, pelo menos uma pessoa perdeu o emprego neste ano. Destas pessoas, 80% pertenciam às classes C, D e E.
Neste período, o auxílio emergencial teve redução. Menos pessoas tiveram acesso a este benefício. Ao mesmo tempo, a elevação da inflação prejudica qualquer benefício que a leve retomada econômica traz.
Ao considerar que grande parte da população está nas classes C, D e E, caso estas pessoas comprem menos, a economia, no geral, é impactada negativamente. Para gerar emprego suficiente para tantos cidadãos, Wedemann entende que seria preciso uma retomada econômica mais forte.