O governador do Estado de São Paulo (SP), João Doria (PSDB), está preocupado com o avanço do calendário estadual de vacinação. Nesta quarta-feira, 4, ele disse que o estado não possui vacinas o suficiente para dar continuidade à imunização.
Doria acusa o Ministério da Saúde de boicote ao não cumprir o acordo de enviar 456 mil doses de vacinas para o Estado de São Paulo. Segundo o governador, a gestão estadual recebeu apenas 228 mil doses da vacina Pfizer.
Os números fazem parte de uma estimativa à qual o Estado de São Paulo teria direito a receber entre a divisão de um lote ainda maior distribuído entre as unidades federativas.
Para ele, essa atitude pode comprometer seriamente o calendário de vacinação divulgado, sobretudo, no que compete à imunização dos adolescentes entre 12 a 17 anos.
“A última remessa da Pfizer, a quantidade foi reduzida à metade, sem nenhuma justificativa. A decisão, que como governador qualifico como arbitrária, representa a quebra do pacto federativo. E o governo federal decidiu punir quem fez o certo e quem foi eficiente na vacinação”, alegou João Doria.
Nas redes sociais, o governador também se manifestou.
O Ministério da Saúde não pode boicotar SP. Nosso estado não virou as costas para o Brasil. Já entregamos 65 milhões de doses da vacina do Butantan para salvar milhões de brasileiros. pic.twitter.com/oMnTRBg0g9
— João Doria (@jdoriajr) August 4, 2021
Neste sentido, o secretário estadual de Saúde de SP, Jean Gorinchteyn, protocolou um ofício perante o Ministério da Saúde, requerendo que o saldo de 228.150 doses previstas no acordo inicial sejam entregues em até 24 horas. A média de vacinas que costumam ser enviadas ao Estado de São Paulo é de 22% do total de imunizantes a cada entrega.
Em resposta à declaração de João Doria, o Ministério da Saúde explicou que a quantidade reduzida de vacinas enviadas ao Estado ocorreu em compensação às entregas anteriores, em que o Governo de SP recebeu mais doses da CoronaVac do que previsto em acordo.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ainda acrescentou que São Paulo faz reclamações constantes, e que, “as doses são distribuídas de acordo com a tripartite”, finalizou.
Em contrapartida, João Doria disse que irá honrar o compromisso firmado junto ao Ministério da Saúde, envolvendo a entrega das vacinas da CoronaVac. O governo ressaltou que não haverá retaliação contra a pasta federal.
“Hoje entregamos 2 milhões de doses da vacina do Butantan para o Ministério da Saúde pra vacinação de 2 milhões de brasileiros. Continuaremos a entregar a vacina do Butantan dentro dos prazos previstos”, concluiu.
É válido ressaltar que, em parte, o avanço no calendário de vacinação estadual foi possível mediante uma compra particular de vacinas contra a Covid-19.
A iniciativa visou atender exclusivamente a população paulista e, por consequência, a agilidade no esquema vacinal em comparação com outras cidades e estados brasileiros.
Esta compra se trata da aquisição de quatro milhões de doses da CoronaVac, fabricada pelo laboratório chinês Sinovac e entregues diretamente ao Estado de São Paulo. Até então, 2,7 milhões de vacinas já foram entregues.
Em contrapartida, no início do ano o Ministério da Saúde firmou um acordo junto ao Instituto Butantan para ter prioridade na compra de todas as doses da CoronaVac.
A medida inclui tanto as vacinas importadas da China quanto aqueles produzidos no Brasil, até atingir a marca de 100 milhões.