Um comunicado feito pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, na última terça-feira, 4, surpreendeu muitos brasileiros ao fazer elogios ao PT pela criação do Bolsa Família. Segundo o chefe da pasta econômica, as quatro gestões presidenciais do partido foram merecidas devido aos esforços em amenizar a situação da população de baixa renda.
É preciso explicar que o PT conquistou três eleições após a criação do programa de transferência de renda Bolsa Família, no ano de 2003.
Na época o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuou na primeira gestão presidencial. Posteriormente ele foi reeleito em 2006, embora o partido tenha permanecido no poder com Dilma Rousseff à frente durante os anos de 2010 e 2014.
“[O PT] ganhou quatro eleições seguidas merecidamente, porque fez a transferência de renda para os mais frágeis com um bom programa. Um programa que envolvia poucos recursos e que tinha um altíssimo impacto social”, declarou o ministro da Economia.
Apesar dessas breves declarações sobre o Bolsa Família, o enaltecimento ao PT não se prolongou. Isso porque o foco do debate foi mudado com rapidez após Paulo Guedes ser questionado sobre a redução do valor disponibilizado através do auxílio emergencial.
Vale lembrar que no ano de 2020, momento em que o benefício emergencial foi criado devido aos impactos econômicos da pandemia da Covid-19, a oferta inicial foi de R$ 600 durante cinco meses. Posteriormente o recurso foi prorrogado por mais quatro meses com parcelas de R$ 300. Lembrando que ambos os valores foram pagos em dobro para as mães solteiras chefes de família.
No entanto, a situação sanitária do país não teve muitos progressos, pelo contrário, se agravou ainda mais com as novas ondas de proliferação do vírus. Em meio a todo o alvoroço, muitos brasileiros ficaram preocupados e inseguros sobre a manutenção da subsistência sem o auxílio emergencial, tendo em vista a demora na aprovação do benefício para 2021.
Após longos trâmites e debates, o auxílio emergencial de 2021 finalmente foi aprovado e começou a ser pago no dia 6 de abril. Contudo, foi preciso fazer algumas adequações para viabilizar o benefício, como novos valores que variam entre R$ 150, R$ 250 e R$ 375, destacando que os novos valores continuam contemplando o Bolsa Família.
Em resposta ao questionamento, Paulo Guedes explicou que a modificação no auxílio emergencial foi preciso em respeito à capacidade dos cofres públicos. Sem contar que foi preciso estudar minuciosamente qual seria a fonte de financiamento sem prejudicar outros setores.
Foi então que o ministro lembrou que durante anos o PT forneceu a vários cidadãos brasileiros o valor de apenas R$ 170 mensais através do Bolsa Família. Ele ainda ressaltou que, “numa democracia, você dá mérito ao que foi bem feito. Agora explica: por que não foi feito antes esse auxílio emergencial de R$ 600? Porque os R$ 600 já são mais difíceis e exigem bases de financiamento sustentáveis a longo prazo”, completou.
A nova rodada do auxílio emergencial será concluída no mês de julho após o pagamento de quatro parcelas durante os meses de abril, maio, junho e julho. Diante das dificuldades econômicas, o governo de Jair Bolsonaro tem sido pressionado para ter agilidade na criação de um novo programa social em condições de substituir o auxílio emergencial.
Neste sentido, Bolsonaro tem estudado há meses a possibilidade de reformular o Bolsa Família, e ofertá-lo perante um novo modelo a partir do mês de agosto. A intenção é unificá-lo a outros programas, além de elevar o valor pago. Porém, ainda não foi definida uma data específica para a apresentação da proposta com todos os detalhes.