Taxar mais ricos para investimento no Bolsa Família deve elevar PIB em 2,4%

Um estudo realizado pelo Made-USP (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo) mostra que aumentar a tributação sobre os mais ricos a fim de financiar políticas sociais como o programa Bolsa Família, elevaria o Produto Interno Bruto (PIB) em 2,4%.

Taxar mais ricos para investimento no Bolsa Família deve elevar PIB em 2,4%
Taxar mais ricos para investimento no Bolsa Família deve elevar PIB em 2,4% (Imagem: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

E não só isso. Poderia contribuir para a recuperação da atividade econômica e reduzir a desigualdade social no Brasil.

“A redução da desigualdade tem benefícios em si. Sabemos que ela tem custos que não só têm a ver com o direito à renda e à dignidade humana, mas tem também efeitos políticos, pois a desigualdade tende a criar distorções no próprio sistema democrático”, disse Laura Carvalho, professora da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo), em entrevista ao G1.

Segundo a professora, o estudo mostra o efeito que diferentes tipos de programas de redistribuição podem ter sobre o PIB e a geração de renda na economia. A pesquisa trabalhada sobre a ideia do “multiplicador do orçamento equilibrado”.

“Ele prevê que, mesmo que o governo não gaste mais, não deteriore as contas públicas, destinando uma arrecadação via tributação da renda no topo para transferir renda para a base, sem nenhum impacto no Orçamento, ele pode conseguir um impacto de crescimento econômico porque quem está na base da pirâmide tem uma propensão a consumir maior, enquanto os mais ricos poupam relativamente mais da sua renda do que os mais pobres”, explica Laura Carvalho.

A pesquisa trabalha com a hipótese de uma política social que seria financiada a partir de tributos cobrados dos 1% mais ricos, garantindo R$ 125 mensais para os 30% mais pobres.

“Pensamos num programa fiscalmente neutro [que não gera gasto adicional ao governo] para que ele seja pensado como uma solução sustentável, permanente, que não contribua para uma deterioração do Orçamento e que contribua para reduzir desigualdade e para recuperar a economia, melhorando o ritmo de crescimento a médio e longo prazo”, detalha Laura.