- Preço da cesta básica aumenta e a população compromete 50% do salário;
- Estados do Sul do país apresentam taxações mais caras;
- Governo silencia diante de forte momento de crise.
Brasileiros investem cerca de 50% de seus salários na cesta básica. Nessa semana, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) liberou um novo relatório onde revela que parte significativa da renda do cidadão vem sendo comprometida na hora de fazer suas compras.
Com a crise econômica do novo coronavírus os índices de desemprego aumentaram, a inflação subiu e o salário do trabalhador baixou. Isso significa que atividades simples, como as compras do lar, tornaram-se motivo de preocupação para parte significativa da população. De acordo com o Dieese, o valor da cesta básica vem registrando altas históricas.
No último relatório, disponibilizado nesta segunda-feira (11), o departamento revelou que em 11 das 17 capitais brasileiras o valor do salário mínimo (R$ 1.100) vem sendo mais que 50% comprometido na hora de garantir os insumos da cesta básica.
Divisão por estado
No levantamento, o local em que o kit esteve com o maior valor foi em São Paulo (SP) onde 64% do salário vem sendo comprometido. Já em Florianópolis (SC), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Vitória (ES) e Brasília (DF) o custo significou cerca de 60% da renda do cidadão.
Na contrapartida, os locais com o melhor custo benefício foram Belém (PA), Salvador (BA), Recife (PE), João Pessoa (PB), Natal (RN) e Aracaju (SE). Sergipe (AL) registrou o menor índice, onde a população investe 44% do salário na hora das compras de mercado.
Produtos com preço em alta
Ainda segundo os dados do Dieese, 17 das 13 capitais nacionais ficaram com a cesta básica mais cara. O local com o maior aumento foi em Florianópolis (SC), com 5,82%, Belo Horizonte (MG), com 4,17%, e Vitória (ES), com 4,05%.
Já em São Paulo, foi possível identificar uma variação mensal de 3,59% onde o valor dos itens chegou a ser de R$ 654,29.
Produtos com o maior reajuste de preço e suas motivações
- Açúcar: com aumento em 15 cidades, o valor cresceu até 12,58% pela redução na oferta por causa da entressafra e da pressão das usinas para manter a cotação;
- Banana: também com valor maior em 15 capitais de até 20%, as bananas prata e nanica também passam pela entressafra. Com isso, a oferta é reduzida, e o preço sobe;
- Batata: o tubérculo registrou grandes variações, com alta de até 18,6% e queda de até 10,71%. O fim da colheita de inverno elevou os preços. Em Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais, mesmo com a intensificação da safra, a colheita foi dificultada pelas chuvas, afetando também os preços;
- Carne bovina: o alimento teve altas de até 6%, mas também registrou quedas de até 3% pelo país. Para o Dieese, o aumento reflete a demanda externa elevada e uma baixa disponibilidade de animais para abate no campo;
- Feijão: os aumentos de até 9% podem ser explicados por problemas climáticos que acabaram reduzindo a disponibilidade do feijão. Além disso, pela redução na oferta, grãos importados foram colocados no mercado.
Salário mínimo insuficiente
É importante ressaltar que, o atual salário mínimo de R$ 1.100 foi apontado como 4 vezes menor que o necessário para garantir o sustento de uma família de até 4 pessoas.
Isso significa dizer que a população brasileira que viver com a renda base do trabalhador não conseguirá manter todos os direitos básicos como saúde, moradia, educação e alimentação.
A previsão de reajuste do salário para os próximos anos também não é positiva, de acordo com analistas econômicos, tendo em vista os efeitos da crise do novo coronavírus.
Governo em silêncio
Questionados sobre possíveis soluções para ajudar a população, o ministro da economia, Paulo Guedes, e o presidente Jair Bolsonaro não apresentaram propostas efetivas.
Até o momento ambos os representantes trabalham para garantir a manutenção do Bolsa Família, mas nada vem sendo elaborado para aclamar os trabalhadores que se encontram no piso nacional.