MOGI DAS CRUZES, SP — Em um ano que sofreu uma queda acentuada na arrecadação pela Receita Federal por conta da pandemia do coronavírus, os brasileiros comunicaram ao órgão transações no valor de R$7,3 bilhões com as chamadas moedas digitais. A mais conhecida entre estas moedas é o bitcoin.
Esta foi a primeira vez que os contribuintes tiveram que prestar contas deste tipo de operação. Ao todo 115 mil pessoas físicas e 3 mil pessoas jurídicas comunicaram a Receita a respeito do uso de criptomoedas.
Devido ao crescimento da popularidade das moedas digitais em todo o mundo, o Brasil planeja lançar sua própria moeda no ano que vem. Os especialistas acreditam que a criação desta moeda pode auxiliar na recuperação da economia, agilizando o comércio pela internet.
O Banco Central disse que um grupo de trabalho intergovernamental está trabalhando na finalização do estudo a respeito do tema em suas várias dimensões. A equipe está trabalhando neste tema desde agosto do ano passado e primeiro prazo para que apresente a conclusão dos estudos acaba neste mês.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é um dos maiores incentivadores da medida. Em novembro de 2020, ele disse que a pandemia do novo coronavírus deve acelerar essa tomada de decisão pelo Brasil.
“A gente vai para um processo de ter uma moeda digital em algum momento. E acredito que esse processo foi acelerado na pandemia pela quantidade de pagamentos a distância e pelas compras on-line”, disse.
Uma pesquisa realizada pela Mastercard e Americas Market Intelligence (AMI) apontou que 46% dos brasileiros aumentaram o volume de aquisições pela internet ao longo da crise do coronavírus.
Receita Federal
A natureza das criptomoedas é o que levou a Receita Federal a decidir que as operações com este ativo tivessem que ser informadas ao Fisco.
O órgão acompanhou o movimento que tem se intensificado em outros países, após constatarem que grupos estariam usando o sistema para cometer crimes, como lavagem de dinheiro, sonegação e financiamento ao tráfico de armas e terrorismo.
Ao tomar esta decisão, a Receita deu como justificativa que estas transações podem ser feitas à margem do sistema financeiro tradicional e em anonimato, e com isso, quadrilhas estariam se aproveitando para praticar crimes.