IRPF 2022 deve criar faixa maior de isenção na tabela; quem será beneficiado?

Pontos-chave
  • Bolsonaro quer elevar a faixa de isenção do IR para R$3 mil;
  • A promessa de campanha era de elevar até R$5 mil;
  • Bolsonaro vem enfrentando dificuldades para cumprir promessas de campanha.

Em uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro declarou que tentará aumentar a faixa de isenção do IRPF para R$3 mil até o ano que vem. Atualmente, o limite de isenção é de R$1.903,98. Saiba mais.

IRPF 2022 deve criar faixa maior de isenção na tabela; veja QUEM será beneficiado
IRPF 2022 deve criar faixa maior de isenção na tabela; veja QUEM será beneficiado (Imagem: Evaristo Sa/AFP)

Ao falar sobre o assunto, Bolsonaro lembrou de sua declaração em que afirmou que o “Brasil está quebrado” e que por isso, não consegue “fazer nada”.

Neste dia, ao lado de seus apoiadores, ele deu como exemplo a dificuldade de cumprir sua promessa de elevar a faixa de isenção para R$5 mil. Já em sua última live na quinta,14, o presidente jogou a culpa na pandemia do coronavírus por não cumprir a promessa.

“Gostaríamos de passar pra R$ 5 mil. Não seria de uma vez, mas daria para até o final do mandato fazer isso. Não conseguimos por causa da pandemia. Nós nos endividamos em mais R$ 700 bi, não deu pra atender. Vamos ver se para o ano que vem pelo menos passe de R$ 2 mil para R$ 3 mil”, disse.

Esta promessa foi feita em sua campanha eleitoral para a presidência da república em 2018.

O presidente considera que o aumento da faixa de isenção do IRPF seria até uma ajuda para a Receita Federal no gerenciamento da arrecadação.

Em suas palavras, Bolsonaro disse que este aumento ajuda a Receita a ter menos “clientes”, pois recebe com uma mão e, em alguns meses, entrega com a outra.

Durante a transmissão, Bolsonaro também rebateu criticas que vem recebendo por não ter cumprido as promessas firmadas em sua campanha eleitoral.

Ele voltou a dizer que se não fosse a pandemia, sua promessa de corrigir a tabela do IRPF teria sido cumprida.

“Não é não estar cumprindo compromisso de campanha. Era compromisso, ia ser cumprido e aconteceu algo anormal. É você querer comprar um carro, mas alguém da família fica doente. Você não compra mais o carro, ou vai deixar o parente morrer por causa disso ai?”.

Paulo Guedes segue com o “Posto Ipiranga”

Bolsonaro disse que mantém as conversas com a equipe econômica a respeito do tema e relembrou que o “Posto Ipiranga” é o de Paulo Guedes, ministro da Economia.

“Tenho falado que não sou economista, todo mundo sabe disso, o Posto Ipiranga é o Paulo Guedes, mas tem um detalhe: todo mundo que ganha R$ 3 mil por mês que desconta um pouco do Imposto de Renda dá em torno de R$ 28 bilhões por ano, mas no ano seguinte quase tudo é ressarcido. Então jogo contábil de um ano pro outro”.

Bolsonaro e Guedes (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Agenda liberal não cumprida

Bolsonaro possuía um programa econômico liberal e reformista, porém não conseguiu as reformas estruturais para além das alterações nas regras de aposentadoria, no ano de 2019.

As discordâncias entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro Paulo Guedes, não ajudaram.

O presidente também vem enfrentando dificuldades para realizar as privatizações e controlar as contas públicas que foram fortemente atingidas pelos gastos com a pandemia do coronavírus.

Há ainda o problema da falta de dinheiro para o investimento em obras públicas, que estão passando por dificuldades para serem concretizadas. Os empresários e investidores já pressionam o governo para que apresente uma agenda clara a respeito de sua estratégia para a recuperação da economia neste ano.

O pesquisador Armando Castelar do Ibre/ FGV afirmou que o próprio Bolsonaro complica a criação das regras para o cumprimento de suas promessas ao conceber despesas distantes das prioridades de seu discurso eleitoral e não focar em um programa de corte de gastos.

“Felizmente, não, o Brasil não está quebrado. O presidente disse que está sem recursos para aumentar a isenção do Imposto de Renda, mas vimos o dinheiro indo a para estatal da Marinha e para outras coisas. O dinheiro não dá para chegar no lugar da fila de prioridades na qual o presidente colocou a isenção do IR. Outras prioridades foram escolhidas pelo presidente.”

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.