- Bolsonaro quer elevar a faixa de isenção do IR para R$3 mil;
- A promessa de campanha era de elevar até R$5 mil;
- Bolsonaro vem enfrentando dificuldades para cumprir promessas de campanha.
Em uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro declarou que tentará aumentar a faixa de isenção do IRPF para R$3 mil até o ano que vem. Atualmente, o limite de isenção é de R$1.903,98. Saiba mais.
Ao falar sobre o assunto, Bolsonaro lembrou de sua declaração em que afirmou que o “Brasil está quebrado” e que por isso, não consegue “fazer nada”.
Neste dia, ao lado de seus apoiadores, ele deu como exemplo a dificuldade de cumprir sua promessa de elevar a faixa de isenção para R$5 mil. Já em sua última live na quinta,14, o presidente jogou a culpa na pandemia do coronavírus por não cumprir a promessa.
“Gostaríamos de passar pra R$ 5 mil. Não seria de uma vez, mas daria para até o final do mandato fazer isso. Não conseguimos por causa da pandemia. Nós nos endividamos em mais R$ 700 bi, não deu pra atender. Vamos ver se para o ano que vem pelo menos passe de R$ 2 mil para R$ 3 mil”, disse.
Esta promessa foi feita em sua campanha eleitoral para a presidência da república em 2018.
O presidente considera que o aumento da faixa de isenção do IRPF seria até uma ajuda para a Receita Federal no gerenciamento da arrecadação.
Em suas palavras, Bolsonaro disse que este aumento ajuda a Receita a ter menos “clientes”, pois recebe com uma mão e, em alguns meses, entrega com a outra.
Durante a transmissão, Bolsonaro também rebateu criticas que vem recebendo por não ter cumprido as promessas firmadas em sua campanha eleitoral.
Ele voltou a dizer que se não fosse a pandemia, sua promessa de corrigir a tabela do IRPF teria sido cumprida.
“Não é não estar cumprindo compromisso de campanha. Era compromisso, ia ser cumprido e aconteceu algo anormal. É você querer comprar um carro, mas alguém da família fica doente. Você não compra mais o carro, ou vai deixar o parente morrer por causa disso ai?”.
Paulo Guedes segue com o “Posto Ipiranga”
Bolsonaro disse que mantém as conversas com a equipe econômica a respeito do tema e relembrou que o “Posto Ipiranga” é o de Paulo Guedes, ministro da Economia.
“Tenho falado que não sou economista, todo mundo sabe disso, o Posto Ipiranga é o Paulo Guedes, mas tem um detalhe: todo mundo que ganha R$ 3 mil por mês que desconta um pouco do Imposto de Renda dá em torno de R$ 28 bilhões por ano, mas no ano seguinte quase tudo é ressarcido. Então jogo contábil de um ano pro outro”.
Agenda liberal não cumprida
Bolsonaro possuía um programa econômico liberal e reformista, porém não conseguiu as reformas estruturais para além das alterações nas regras de aposentadoria, no ano de 2019.
As discordâncias entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro Paulo Guedes, não ajudaram.
O presidente também vem enfrentando dificuldades para realizar as privatizações e controlar as contas públicas que foram fortemente atingidas pelos gastos com a pandemia do coronavírus.
Há ainda o problema da falta de dinheiro para o investimento em obras públicas, que estão passando por dificuldades para serem concretizadas. Os empresários e investidores já pressionam o governo para que apresente uma agenda clara a respeito de sua estratégia para a recuperação da economia neste ano.
O pesquisador Armando Castelar do Ibre/ FGV afirmou que o próprio Bolsonaro complica a criação das regras para o cumprimento de suas promessas ao conceber despesas distantes das prioridades de seu discurso eleitoral e não focar em um programa de corte de gastos.
“Felizmente, não, o Brasil não está quebrado. O presidente disse que está sem recursos para aumentar a isenção do Imposto de Renda, mas vimos o dinheiro indo a para estatal da Marinha e para outras coisas. O dinheiro não dá para chegar no lugar da fila de prioridades na qual o presidente colocou a isenção do IR. Outras prioridades foram escolhidas pelo presidente.”