- Brasileiros de baixa renda estão sem cobertura pública em 2021;
- Inflação deve abaixar, mas fome crescerá consideravelmente;
- Ausência da vacina amplia o desemprego no país.
Projeções econômicas de 2021 acendem um alerta contra o atual governo federal. Nessa semana, o Datafolha divulgou uma nova pesquisa apontando as estimativas financeiras e sociais do Brasil ao longo dos próximos 12 meses. Com o fim do auxílio emergencial e sem previsão de vacina, espera-se que os pobres fiquem ainda mais prejudicados.
A chegada do novo coronavírus desestabilizou todo o quadro econômico e político do país. No entanto, mais do que enfrentar a pandemia, a parte significativa da população que passou a lutar contra a própria gestão pública. Para quem é pobre o auxílio emergencial tem prazo de validade determinado.
De acordo com os números da Datafolha, 72% dos brasileiros acreditam que a inflação vai aumentar ao longo de 2021. Já os dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que famílias com renda menor que R$ 1.650,50/mês tiveram inflação acumulada em 12 meses de 5,8%. Para aqueles com renda acima de R$ 16.509,66, o indicador foi de 2,69%.
Cenário econômico de 2021
Diante de todos esses números, resta o questionamento sobre como os mais pobres serão auxiliados em 2021. Analistas econômicos explicam que apesar do que se espera, a inflação deverá ser minimizada. Porém, isso significa que as pessoas de baixa renda estarão deixando de comprar seus alimentos.
Para entender mais a fundo o caso, basta observar que as taxas da inflação passaram a subir quando o auxílio emergencial começou a ser liberado. Tendo a população pobre um relativo poder aquisitivo para ir as compras, o setor de alimentos passou por uma série de reajustes, devido ao acréscimo na demanda.
Já com o fim do auxílio emergencial e sem previsão de um novo programa de renda, o esperado é que esse grupo pare de ir ao supermercado com frequência. Ou seja, a classe média alta passará a pagar mais barato a partir da fome daqueles que estão na base da pirâmide.
Desemprego ainda será um alerta
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Covid, do IBGE, mostraram que o número de contratações está sendo reestabelecidos neste fim de ano. 14 milhões de pessoas estão procurando por emprego, sendo parte recontratados a partir da reabertura dos setores.
No caso dos 65 milhões de pessoas que atuam como informais, a situação é mais grave. Para esse grupo não há previsão de recuperação próxima, tendo em vista que o mercado ainda é um risco para pequenos negociantes sem grande poder executivo.
A grande maioria dos informais vinham sendo segurados pelo auxílio emergencial, mas agora deverão buscar por uma nova forma de manter as contas em dia.
Como fica o auxílio emergencial?
Segundo os últimos informes do governo, o pagamento do auxílio emergencial será definitivamente cancelado em janeiro de 2021. A ideia é que o cronograma com os depósitos já previstos para este ano seja encerrado, sem chances de prorrogação.
De acordo com os interesses de Bolsonaro, o Bolsa Família deverá ser estendido para receber parte dos contemplados do auxílio emergencial.
O presidente informou que deseja remanejar ao menos 14 milhões de brasileiros do coronavoucher para o BF. Porém, até o momento não especificou como será realizada a medida.
E o Bolsa Família, já tem calendário?
Não. Normalmente as datas de pagamento do Bolsa Família são sempre divulgadas no mês de dezembro com validade durante todo o próximo ano. Para 2021 os segurados ainda não sabem os dias de depósito e com qual valor eles irão acontecer.
As mudanças previstas pelo presidente solicitam o aumento da mensalidade para o valor de R$ 200 e a inclusão de uma série de benefícios como:
- Auxílio-creche mensal de R$ 52 por criança;
- Prêmio anual de R$ 200 para os alunos com os melhores desempenhos;
- Bolsa mensal de R$ 100, além de prêmio anual de R$ 1.000, para estudantes que se destacaram em ciência e tecnologia;
- Bolsa mensal de R$ 100, além de prêmio anual de R$ 1.000, para alunos que obtiverem os melhores desempenhos em atividades desportivas;
- Auxílio-creche no valor de R$ 200 para as mães inscritas no Bolsa Família.
É válido ressaltar, no entanto, que para que tais ações sejam implementadas o governo precisa ainda fazer remanejamentos em seu orçamento para que este não ultrapasse o teto dos gastos.
De modo geral, ainda sem precisão de vacina, instabilidade na determinação de um novo programa de transferência de renda e desemprego em destaque, espera-se que a fome e os demais índices de pobreza permaneçam em alta.