O Ministério da Saúde estuda gastar R$250 milhões para oferecer a população o chamado “kit covid” composto por comprimidos de hidroxicloroquina, do antibiótico azitromicina dentro do programa Farmácia Popular. Segundo o plano, as farmácias conveniadas serão reembolsadas ao distribuir os medicamentos gratuitamente a população.
É importante destacar que estes medicamentos não possuem eficácia comprovada contra o novo coronavírus, mas são amplamente defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro no combate a pandemia. Com os comprimidos encalhados, a idéia é utilizar dinheiro público para distribuí-los gratuitamente.
Este montante que o governo pretende gastar com um medicamento sem comprovação contra a doença, seria possível comprar 13,18 milhões de doses da vacina desenvolvida Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca, ao preço de R$ 18,95 por unidade, o que seria suficiente para imunizar quase 7 milhões de cidadãos.
A vontade do governo de incluir estes medicamentos no Farmácia Popular existe deste o início de julho. Nos últimos dias, a proposta recebeu autorização da área jurídica e ká está em posse do ministro Eduardo Pazuello.
O kit covid será fornecido sob prescrição médica. De acordo com a tabela de preços do governo federal, cada caixa com 10 comprimidos de sulfato de hidroxicloroquina 400 mg, medicamento indicado na bula para artrite reumatoide, lúpus e malária custa R$25. Já dez comprimidos do antibiótico azitromicina 500 mg tem o preço de R$ 35.
Bolsonaro insiste na defesa da cloroquina mesmo após vários estudos de diferentes países que não conseguiram determinar a eficácia do comprimido. O atual ministro da saúde, Pazuello garantiu ao lado do presidente que ficou “zero bala” após tomar o “kit completo” contra a covid.
Porém, poucos dias depois, o ministro precisou ser internado e precisou tomar corticoide, anticoagulante, antibiótico e soro. Mesmo curado, Pazuello ainda sente efeitos do coronavírus, como cansaço e dores no corpo.
O Ministério da Saúde foi procurado nesta semana pelo Estadão mas se recusou a comentar sobre o estoque de hidroxicloroquina e sua entrada no programa Farmácia Popular.