Vacina do Covid-19 vai INFLUENCIAR diretamente a economia dos países, dizem especialistas

Pontos-chave
  • Ritmo de vacinação ditará a velocidade de recuperação econômica;
  • PIB do Brasil registra avanço de 7,7% no terceiro trimestre;
  • Coréia do Sul é o maior exemplo de enfrentamento à doença.

Se existe algo nesse momento que é o desejo de boa parte da população mundial, sem dúvidas é a vacina contra a Covid-19. Na economia não é diferente e o ritmo de imunização é que o ditará a velocidade da recuperação econômica no planeta. E da mesma forma que a pandemia impactou cada localidade de forma distinta, a imunização acelerada pode ser uma vantagem competitiva, segundo especialistas.

Vacina do Covid-19 vai INFLUENCIAR diretamente a economia dos países, dizem especialistas
Vacina do Covid-19 vai INFLUENCIAR diretamente a economia dos países, dizem especialistas(Imagem Google)

O PIB do Brasil registrou avanço de 7,7% entre os meses de julho e setembro logo após a queda vertiginosa no segundo trimestre, momento em que a economia do país foi fortemente abalada pela pandemia. Este resultado no terceiro trimestre não deve ser mantido no quarto.

“Vamos ter uma recuperação econômica no ritmo da vacinação. Este será um processo turbulento, reforçando diferenças criadas com a pandemia, que não foi hegemônica entre os países”, disse o professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Vicente.

O Brasil definiu seu plano de imunização, os países do Hemisfério Norte, como a Inglaterra, estão atrasado neste aspecto.

“O Brasil não é o país que melhor conduz os projetos para imunizar a população. É complicado comparar o Brasil com os países ricos do Norte, mas o Brasil apostou quase tudo em uma só vacina, em um só esquema de fabricação (o de transferência de tecnologia). Diante disso, pelo menos no primeiro momento, o Brasil pode ficar para trás. É difícil, porém, projetar qual o impacto deste quadro para a economia como um todo”, explicou Anna Reis, economista-chefe da GAP.

Numa possível segunda onda no Brasil, Anna acredita que a economia deve ser abalada novamente.

“O primeiro impacto, embora os dados oficiais ainda não apontem isso, é a redução do fluxo de pessoas em centros urbanos. O segundo impacto pode vir caso cidades ou estados precisem decretar novas medidas de isolamento total (lockdown)”.

O economista Vitor Vidal, acredita que a possível segunda onda não deve prejudicar muito o quarto trimestre já que os novos casos estão aparecendo as vésperas da chegada da vacina.

3º trimestre

Com os resultados obtidos no terceiro trimestre é possível ver as pistas de como diferentes economias estão se comportando com medidas impostas pelos governos no controle da pandemia.

O economista sênior da Prospectiva Consultoria, Adriano Laureno, existem algumas lições que acabaram se confirmando. Entre elas é que os países que conseguiram impor uma proteção social maior, sofreram quedas menos acentuadas na economia e no PIB (Produto Interno Bruto).

“Na questão de saúde, o México também teve uma reação muito ruim, ele e Brasil estão na faixa de 820 mortos por milhão de habitantes. Porém, sem um pacote social parecido com o Brasil a economia do México, de acordo com os dados do terceiro trimestre, está cerca de nove pontos percentuais abaixo do PIB de antes da pandemia, enquanto o Brasil está cerca de quatro pontos abaixo da atividade de antes da pandemia”.

O economista disse ainda que o Brasil teve duas forças: se pelo lado da saúde pública houve um certo negacionismo com a gravidade da doença e dificuldade em aplicar as medidas de prevenção mais severas, o pacote social amenizou os impactos da pandemia.

Melhor exemplo da pandemia

Adriano afirma que o maior exemplo até o momento é o da Coreia do Sul que ao adotar uma estratégia agressiva de testagem e rastreabilidade dos dias casos, teve um impacto bem menos doloroso na economia que os vizinhos asiáticos, como o Japão.

Coronavirus e a economia brasileira. (Foto: Pixabay)

Recuperação no Brasil não será rápida

Já no Brasil, mesmo com o pacote social, a recuperação econômica não deve ser muito forte daqui a frente. O fim dos auxílios e os problemas estruturais são as principais causas.

“O Brasil estava em uma situação muito fraca antes da pandemia, ainda não havíamos nos recuperado da recessão anterior. Agora, quando a pandemia arrefecer, primeiro teremos de resolver a queda de 2020, para então enfrentar a anterior. O Brasil teve duas décadas perdidas em 40 anos”, disse Marcel Balassiano, pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV IBRE.

Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.