Auxílio creche de R$52 NÃO supre necessidade das famílias, diz pesquisa; veja valor ideal

Pontos-chave
  • O governo do presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido) pretende anexar ao Bolsa Família um auxílio creche no valor de R$ 52;
  • As mensalidades de creches particulares, nas regiões populares, variam de R$ 500 a R$ 1.500;
  • O valor estudado pelo governo é muito inferior ao aplicado na realidade.

O governo do presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido) pretende anexar ao Bolsa Família um auxílio creche no valor de R$ 52. Porém, uma pesquisa realizada com famílias de bairro pobre de São Paulo diz que o valor é inferior a necessidade.

Auxílio creche de R$52 NÃO supre necessidade das famílias, diz pesquisa; veja valor ideal
Auxílio creche de R$52 NÃO supre necessidade das famílias, diz pesquisa; veja valor ideal (Imagem: Reprodução/Google)

O auxílio creche é a nova proposta estudada por Bolsonaro e sua equipe e, caso saia como previsto, será inclusa no Bolsa Família. A ideia é pagar R$ 52 para que as famílias possam colocar seus filhos em creches para tentar trabalhar.

Essa proposta foi criada após o cancelamento do Renda Brasil e Renda Cidadã e a suspensão da prorrogação do auxílio emergencial. Com isso, o presidente decidiu continuar com o Bolsa Família e ampliar o valor pago e o número de contemplados.

Auxílio creche não é suficiente

Diante da proposta do auxílio creche, foi realizada uma pesquisa pela UOL com famílias de bairros periféricos do Estado de São Paulo e foi constatado que as mensalidades de creches particulares, nas regiões populares, variam de R$ 500 a R$ 1.500.

O valor menor corresponde a meio período e o maior para o período integral. As creches públicas da capital possuem uma espera de 65 dias, com isso, as creches particulares é a única alternativa dos pais.

Auxílio creche de R$52 NÃO supre necessidade das famílias, diz pesquisa; veja valor ideal
Auxílio creche de R$52 NÃO supre necessidade das famílias, diz pesquisa; veja valor ideal (Imagem: Reprodução/Google)

O valor estudado pelo governo é muito inferior ao aplicado na realidade. Ao ser questionada sobre o valor estudado pelo governo para o auxílio creche, a diretora da escola de educação infantil Doce Aprender em Pirituba, Monique Berti, respondeu:

“É ridículo, [o governo] nem deveria oferecer esse valor. Você vê políticos recebendo fortunas e uma mãe de família pode receber uma miséria. Só quem está aqui [em uma creche] sabe quanto isso tudo custa. Acho que o governo não está ligado nessa realidade. Os R$ 52 não pagam nem um livro.”.

Segundo o diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Fausto Augusto Júnior, a proposta do auxílio-creche precisam esclarecer dois pontos:

“Para que servirá esse recurso? Teoricamente seria para ajudar a pagar uma escola infantil para o filho do trabalhador. Esse auxílio vai ser como o Bolsa Família ou vai ter alguma função? Quem recebe gasta basicamente para comer ou morar. Vai ter vinculação com que gasto?”.

Para Augusto Júnior, separar os programas traz complicações, “Quando começa a picar benefícios, perde-se a clareza de função, ou seja, o que se busca com esse benefício. Pode se perder o controle, porque não se sabe de fato por que alguém vai receber e outro não vai receber”.

Fim do auxílio emergencial

O auxílio emergencial começou a ser pago em abril, com parcelas de R$ 600 para os beneficiários do Bolsa Família, desempregos, microempreendedor individual, autônomos e trabalhadores informais.

O programa conta com o pagamento de cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300, sendo finalizado no dia 31 de dezembro. Com isso, foram estudadas as propostas de criação de um novo programa de transferência de renda que substituiria o Bolsa Família e o auxílio emergencial.

Renda Brasil e Renda Cidadã

A ideia era contemplar mais famílias em situação de vulnerabilidade e aumentar o valor pago. Porém, muitos críticos afirmaram que o presidente queria criar uma marca para o seu governo e acabar com o termo Bolsa Família, vinculada a gestão petista.

O Renda Brasil foi alvo de muitas críticas devido as propostas apresentadas para o seu financiamento, como congelamento da aposentadoria, unificação de programa como o abono salarial e o salário família e, até mesmo, o fim de outros programas, como o Farmácia Popular.

Com isso, uma nova proposta foi elaborada e o Renda Cidadã foi apresentado. Porém, mais uma vez foi criticada por sugerir usar parte do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) e o uso, quase integral, dos precatórios.

No final, nenhuma ideia foi aceita e o presidente ficou irritado com tantas críticas decidindo não falar amis sobre o tema este ano. Com isso, o Bolsa Família permanecerá em 2021, porém, sofrerá ampliações.

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Glaucia Alves
Formada em Letras-Inglês pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Atuou na área acadêmica durante 8 anos. Em 2020 começou a trabalhar na equipe do FDR, produzindo conteúdo sobre finanças e carreira, onde já acumula anos de pesquisa e experiência.