Pesquisas revelam que o Brasil está no Mapa da Fome com projeções assustadoras para 2021. Nessa semana, uma reportagem especial do jornal O Globo revelou que, de acordo com os levantamentos do Gallup World Poll, de 145 países o Brasil caiu da 39ª para a 62ª posição entre 2014 e 2019. Trata-se da pior recessão de desigualdade de sua história, podendo ficar ainda pior com o fim do auxílio emergencial.
Desde o mês de março o Brasil vive um período intenso de instabilidade financeira e política ao mesmo tempo em que enfrenta a maior crise sanitária do mundo.
Segundo dados contabilizados pela FGV, 20% dos brasileiros afirmam não ter mais recursos para comprar comida e outros demais 53% temem vivenciar a mesma situação.
Marcelo Neri, diretor da FGV Social, explica que o atual cenário é alarmante. De acordo com ele, a fome anda lado a lado com a pobreza, onde o nível mais baixo teria sido em 2014, mas vem se agravando com a pandemia.
População pede socorro
A diarista Tatiane Gomes, de 31 anos, desabafa a tristeza de não poder comprar um bolo de aniversário para seu filho mais novo, o pequeno Victor, que completará seis anos 10 dias antes do natal. Ela concedeu entrevista ao Jornal O Globo.
Tatiane explica que a filha mais velha já entende as dificuldades e não questiona a ausência dos alimentos, mas com o mais novo o diálogo é mais difícil.
— Ele pediu: “Mãe, vai ter bolo?” Eu tive que responder: “A mamãe não tem dinheiro”. A mais velha (de 15 anos) nem pede, porque já entende, mas o mais novo ainda quer.
A diarista explica que com a necessidade do isolamento social, muitas de suas faxinas precisaram ser paralisadas. Parte significativa de seu serviço foi perdido e nesse meio tempo ainda precisou lidar com a doença de seu irmão.
Desde então, Tatiane vem sustentando a família com os valores que recebe do auxílio emergencial e admite não conseguir dormir por medo de não saber o que fazer quando o projeto for encerrado.
— Quando ganho uma cesta básica, consigo comprar salsicha e uma cartela de ovos. Da última vez, não consegui comprar arroz, porque estava caro, trouxe macarrão. Sinto falta de uma carne — conta Tatiane.
Projeções de 2021
Até o momento o governo federal ainda não definiu como funcionará os projetos sociais em 2021. Sabe de imediato que apenas o Bolsa Família não será o suficiente para que a população de baixa renda se mantenha, tendo em vista os índices da inflação.
Porém, ainda assim há de se aguardar até o fim das eleições no segundo turno para definir como mais de 14 milhões de famílias irão por comida em suas mesas.