O governo Bolsonaro está vendendo a Petrobrás ao Itaú? Entenda o processo de concessão

Como parte de um plano de reconstrução e redução de endividamento, a Petrobras segue com o desinvestimento e venda de subsidiárias, unidades e instalações. A venda da Liquigás, subsidiária da estatal, faz parte deste processo e autorizada pelo órgão regulador nesta quinta-feira (18).

O governo Bolsonaro está vendendo a Petrobrás ao Itaú? Entenda o processo de concessão
O governo Bolsonaro está vendendo a Petrobrás ao Itaú? Entenda o processo de concessão. (Imagem: Google)

Plano de desinvestimentos da Petrobras

A Petrobras é uma empresa de capital aberto e de economia mista. Suas ações são negociadas na bolsa de valores, mas tem o governo brasileiro como principal acionista.

O que significa que é chefiada por um conselho definido pelos principais acionistas que tem como objetivo garantir a saúde financeira da empresa e a competitividade no mercado que atua.

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A exploração do petróleo e gás é um mercado extremamente competitivo. Para continuar crescendo, a Petrobras precisa competir com gigantes globais como Shell, ExxonMobil e Chevron.

A preocupação dos acionistas é que o nível atual de endividamento prejudique o desempenho da empresa no futuro. Com quedas no preço do barril de petróleo, fica mais difícil manter o pagamento dos juros e praticar um preço atrativo. 

Crises políticas e corrupção também causaram prejuízos bilionários e forçaram a diminuição dos investimentos da empresa.

Todos esses motivos levaram a administração da empresa a vender ativos secundários e investir esse recurso nas suas áreas principais de atuação.

É impossível dizer se a decisão da empresa é correta ou não. O que sabemos é que a saída da Petrobras desses mercados “menores” não condiz com a movimentação das suas concorrentes. 

Atualmente grandes empresas buscam o contrário: diversificar sua atuação e verticalizar a produção. Verticalizar significa comprar empresas menores em toda a cadeia produtiva, desde a extração, refino, transporte e comercialização.

Com a verticalização é possível obter margens de lucro maiores. Já que a empresa atuaria em toda a cadeia produtiva e eliminaria intermediários.

Venda da Liquigás é autorizada pelo CADE

A Liquigás é a subsidiária da Petrobras que atua na distribuição de gás de cozinha. Atualmente a empresa é líder nacional neste mercado e apresentou um lucro bruto de R$ 1,4 bilhão.

A venda da subsidiária foi anunciada em 2019 após um leilão. A melhor oferta foi de um consórcio formado por Itaúsa, Copagaz e Nacional Gás Butano (NGB) no valor de R$ 3,7 bilhões.

Para efetivar a venda, o negócio precisou passar pela avaliação do CADE. O CADE é o órgão responsável por garantir que esse tipo de negociação não estimule a formação de cartéis e prejudique a competição no setor.

Atualmente o mercado de distribuição do gás de cozinha (GLP) no Brasil é dominado por 4 empresas que representam 80% do setor:

A venda foi aprovada com algumas exigências. As empresas compradoras assinarão um Acordo em Controle de Concentrações garantindo que Copagaz e NGB não atuarão para aumentar os preços ou prejudicar o setor. 

As compradoras informaram que a Copagaz será a controladora da empresa, enquanto a Itaúsa deterá de 45% a 49,99% do capital social da Copagaz. A participação da NBG é justamente para diminuir as preocupações com a formação de cartel.

A Itaúsa é uma holding (sociedade que gere participações em outras empresas) que controla o banco Itáu, Alpargatas, Duratex etc.

Qual será o futuro da Petrobras no governo Bolsonaro?

O projeto econômico do atual governo e de Paulo Guedes já deixou claro o interesse em diminuir a participação pública em uma série de empresas.

Ainda que barrado politicamente no congresso, o ministro ainda espera conseguir caminhar com as privatizações em 2021.

Além da Petrobras, Correios e Eletrobrás são exemplos de empresas estatais passíveis de privatização.

A própria Petrobras diz que 35% do caixa gerado na empresa atualmente é destinado ao pagamento de juros. 

A venda de subsidiárias e estatais é uma estratégia para levantar recursos e auxiliar na saúde das contas públicas. Embora não seja a única alternativa.

A dificuldades encontradas na tramitação das privatizações não são apenas politicagem, visto que o governo já possuem boas relações com o centrão. 

Esse impasse acontece pois deputados e senadores, democraticamente eleitos, ainda lutam pela permanência e recuperação das empresas públicas. Representam portanto, o desejo de muitos brasileiros em manter e investir nas empresas estatais.

Embora a venda da Liquigás agrade os acionistas, também pode ser vista como uma grande perda. Perda de uma empresa com lucro bilionário e líder em seu setor.

O controle de mais uma área estratégica e extremamente importante para a população, a distribuição do gás de cozinha. Mesmo com a venda da subsidiária, agora é importante manter a fiscalização e regulação do setor que já não possui a empresa pública como liderança.

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