A pandemia reforçou uma realidade que faz parte da economia brasileira: o desemprego dos profissionais com deficiência no mercado de trabalho formal. Menos vagas foram geradas, e mais empresas precisaram diminuir seu saldo de funcionários.
Um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostra que 73,5 mil pessoas com deficiência (PCDs) foram desligadas de um trabalho formal de janeiro a setembro, correspondendo a 0,6% do total de desligamentos.
Neste mesmo período, as contratações somaram cerca de 51,9 mil. Fazendo o cálculo do saldo de contratações menos o das demissões de PCDs entre janeiro a setembro, o saldo obtido é negativo em 21,7 mil.
Os dados desconsideram o item “não informado” na seção “tipo de deficiência”, que representam 0,3% da respostas.
De acordo com a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, o elemento representa uma “informação inválida, não informada de forma correta pelo empregador.”
O Dieese informou que o número de vínculos formais para pessoas com deficiência passou de 486,8 mil para 523,4 mil de 2018 a 2019.
“Apesar do aumento, aproximadamente 50% dos postos de trabalho deixaram de ser preenchidos dentro da lei de cotas”, disse o economista da entidade, Leandro Horie.
O relatório realizado pela entidade aponta que, enquanto o mercado de trabalho registrou uma deterioração mais acentuada a partir de março para as pessoas com deficiência essa piora já acontecia desde o mês de janeiro.
Além disso, a recuperação de vagas para PCDs é tardia, a partir do mês de agosto e menos intensa.
“Apesar de representarem pouco mais de 1% do total de vínculos formais em 2019, os trabalhadores com deficiência foram responsáveis por mais de 4% do fechamento do total de vínculos formais [vagas fechadas] do país de janeiro a setembro deste ano”, analisou Horie.