O Brasil tem vivido, nos últimos meses, grande dificuldade de reação na economia diante do impacto da pandemia. Diversos setores estão passando por adaptações para seguirem em operação. Um estudo feito pelo Itaú Unibanco indica que somente 4 de 14 setores pesquisados tiveram recuperação. Confira.
Como forma de resistir aos impactos negativos, diversas medidas foram tomadas pelos setores. A paralização dos trabalhos, demissão de funcionários, alta nos preços, mudanças no regime de contratação e solicitação de crédito estão entre as ações.
Após maior dificuldade, no início da pandemia, o houve aumento no consumo a partir de maio. O pagamento de R$ 600 do auxílio emergencial teve papel importante nessa retomada.
O responsável pelo relatório, Pedro Renault, afirmou que o mercado foi pego de surpresa e que há possibilidade de desabastecimento.
“E o resultado é que, temporariamente, a demanda por itens como celulares, geladeiras e produtos têxteis supera a capacidade de produção, o que pode levar a riscos temporários de desabastecimento, com impacto imediato no aumento de preços”, alega.
Os resultados
O estudo foi dividido em três fases — demanda fria, morna e quente. Os setores que tiveram grande queda na crise, com perspectiva lenta de recuperação foram os de mercado automotivo, transportes urbanos, turismo, lazer, eventos e transporte aéreo de passageiros.
Os setores que apresentam dificuldade em recompor o estoque, mas indicam sinais de recuperação na demanda, foram os de eletrônicos, vestuário, siderurgia e transporte e logística.
Por fim, os setores que apresentam níveis iguais ou melhores que a fase anterior à pandemia são os de agronegócio, construção, alimentos e tecnologia.
Por conta da grande demanda global, safra recorde e desvalorização da moeda brasileira, o setor de agronegócio lidera a lista. A indústria também teve impacto negativo amenizado, por conta do valor injetado pelo auxílio emergencial.
A pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, Silvia Matos também destaca o setor de construção civil como um dos fatores a contribuir para a recuperada no país.
“Entre os setores quentes, também nos chama a atenção a construção civil, com uma recuperação puxada principalmente pela demanda habitacional, tanto em venda de imóveis novos quanto na reforma dos imóveis antigos, com impactos fortes na demanda da indústria de materiais de construção”, aponta.