Volta às aulas: O que o guia lançado pelo MEC não explica sobre o retorno da pandemia?

PONTOS CHAVES

  • MEC anuncia guia de reabertura das escolas
  • Documento não menciona políticas de segurança e educação
  • Cientistas criticam posição do governo

Educação vira pauta em atraso no governo federal e afeta a vida de milhares de estudantes. Nessa semana, o Ministério da Educação (MEC) liberou um guia com as devidas orientações de retorno às aulas presenciais. O documento deverá ser utilizado como modelo para que estados e municípios apliquem os protocolos de retomada desse setor. Porém, além de parecer raso, não apresentou as medidas necessárias para garantir a segurança e aprendizagem de crianças e adolescentes.   

Volta às aulas: O que o guia lançado pelo MEC não explica sobre o retorno da pandemia? (Imagem: Google)
Volta às aulas: O que o guia lançado pelo MEC não explica sobre o retorno da pandemia? (Imagem: Google)

Com a chegada do novo coronavírus, escolas e universidades públicas e estaduais precisaram fechar suas portas e suspender as atividades acadêmicas visando conter os riscos de infecção.

Desse modo, durante os últimos meses, milhares de brasileiros ficaram sem acesso as aulas, sendo o Ministério da Educação o responsável por elaborar um plano de execução emergencial.  

Após quase seis meses com as instituições de ensino fechadas, o ministro da educação, Milton Ribeiro, passou a ser pressionado sobre a ausência de medidas para segurar alunos e professores.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, ele afirmou que a condução das voltas aulas e as desigualdades de acesso a internet para a realização de ensino remoto não seria de sua responsabilidade. 

Para o gestor, chefe da educação nacional, tais questões deveriam ser vistas como um problema social do Brasil, arrastado ao longo das últimas décadas que dificilmente poderia ser solucionado por ele.  

Tal fala repercutiu negativamente em toda e imprensa e também entre os representantes do governo que, de acordo com fontes públicas, passaram a pressiona-lo sobre uma resolução do caso. Dentro desse contexto foi lançado um guia de reabertura.  

“O guia reúne normas técnicas de segurança em saúde e recomendações de ações sociais e pedagógicas a serem observadas pelos integrantes da comunidade escolar para um retorno seguro. A decisão de retorno às aulas presenciais, entretanto, deve ser tomada por estados e municípios de acordo com orientação das autoridades sanitárias locais,” diz o MEC. 

Revisão pedagógica e flexibilização de avaliações 

Entre as sugestões propostas pelo documento, recomenda-se que os professores passem a flexibilizar os processos avaliativos e reorganizem o currículo do ano letivo para evitar a reprovação dos alunos.  

Nesse processo de seleção de conteúdo, o MEC solicita que seja mantido apenas o que for “considerado essencial em termos de aprendizagem, de acordo com o contexto de cada escola, série ou turma”.  

Além disso, é sugerido que os profissionais tenham ‘cautela’ levando em consideração “os impactos do isolamento na aprendizagem“. Para os alunos que estão nos anos finais de ensino fundamental e médio, recomenda-se uma permissão para que eles consigam fazer uma transição para a etapa seguinte.  

No que diz respeito a um preparo para que os professores pudessem reorganizar os cronogramas estudantis ou medidas financeiras e sociais para a escola preparar funcionários e alunos, nada foi citado.  

Volta às aulas: O que o guia lançado pelo MEC não explica sobre o retorno da pandemia? (Imagem: Google)
Volta às aulas: O que o guia lançado pelo MEC não explica sobre o retorno da pandemia? (Imagem: Google)

Baixo risco de infecção entre crianças 

Uma das justificativas propostas no documento para a reabertura das escolas foi a afirmação de que, segundo pesquisas, há um baixo risco de infecção entre crianças e adolescentes 

Em contraste com isso, o fechamento das escolas tem impactos negativos evidentes na saúde física e mental das crianças, assim como na educação, no desenvolvimento, na renda familiar e na economia em geral”.  

Porém, não se informou tipos de medidas de seguranças necessárias ou a elaboração de políticas públicas educacionais para aqueles que não puderem comparecer as salas de aula. 

Pauta em atraso no MEC

É válido ressaltar que, a solicitação de medidas determinadas pelo MEC vem sendo requisitadas desde o início da pandemia, ainda entre os meses de abril e maio. Governos estaduais e municipais passaram a entrar em contato com o governo visando entender como funcionaria o sistema de educação público. 

Nas universidades federais, reitorias chegaram a elaborar documentos de cobrança enviados para Brasília, solicitando um reforço para a realização de aulas que ficaram paralisadas por todo o semestre. 

Até então, as respostas obtidas pelo MEC é que “seria de responsabilidade dos gestores estaduais e municipais definirem os protocolos para o setor da educação”. 

Desse modo, analistas afirmam que o Guia chegou em atraso e ainda não contemplou as necessidades do atual sistema de ensino.  

  • Como conciliar ensino presencial com o remoto?  
  • Como retomar o vínculo e evitar a evasão?  
  • Como enfrentar as desigualdades de estrutura escolar e de aprendizado entre os alunos?  
  • Como ajudar os professores a se sentirem acolhidos e a reorganizar suas aulas?  

Foram alguns dos questionamentos levantados por cientistas e representantes sociais. 

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Eduarda Andrade
Mestre em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a edição do Portal FDR e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas sociais. Começou no FDR há três anos, ainda durante a graduação, no papel de redatora. Com o passar dos anos, foi se qualificando de modo que chegasse à edição. Atualmente é também responsável pela produção de entrevistas exclusivas que objetivam esclarecer dúvidas sobre direitos e benefícios do povo brasileiro. - Além do FDR, já trabalhou como coordenadora em assessoria de comunicação e também como assessora. Na sua cartela de clientes estavam marcas como o Grupo Pão de Açúcar, Assaí, Heineken, Colégio Motivo, shoppings da Região Metropolitana do Recife, entre outros. Possuí experiência em assessoria pública, sendo estagiária da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco durante um ano. Foi repórter do jornal Diário de Pernambuco e passou por demais estágios trabalhando com redes sociais, cobertura de eventos e mais. - Na universidade, desenvolve pesquisas conectadas às temáticas sociais. No mestrado, trabalhou com a Análise Crítica do Discurso observando o funcionamento do parque urbano tecnológico Porto Digital enquanto uma política pública social no Bairro do Recife (PE). Atualmente compõe o corpo docente da Faculdade Santa Helena e dedica-se aos estudos da ACD juntamente com o grupo Center Of Discourse, fundado pelo professor Teun Van Dijk.