Programa de Trainee do Magalu recebe duras críticas e movimentos defendem projeto

A empresa Magazine Luiza, também conhecida como Magalu, anunciou um programa de trainee 2020 dedicado apenas para candidatos negros. O cartaz de divulgação tomou conta das redes sociais, mas não foi tão bem aceito. Enquanto uma parte dos internautas ligados ao movimento negro defendeu a ação, outros se questionaram se a ação poderia ser chamada de “racismo inverso”.

Programa de Trainee do Magalu recebe duras críticas e movimentos defendem projeto
Programa de Trainee do Magalu recebe duras críticas e movimentos defendem projeto (Imagem: Reprodução / Google)

Na divulgação do programa, a Magazine Luiza explicou que o objetivo é levar mais diversidade racial aos cargos de liderança no seu programa de trainee.

A iniciativa foi comemorada pelo Movimento Ar, mobilização contra o racismo criada pela Universidade Zumbi dos Palmares e pela ONG Afrobras. Através das redes sociais, eles disponibilizaram uma nota sobre o ocorrido.

“A fantástica e transformadora ação da Magalu ao criar um grupo de trainees contemplando especialmente jovens negros, capitaneada pela visionária Luiza Helena Trajano, é uma manifestação de coragem e compromisso com o alcance da igualdade racial“, disseram.

A filósofa, escritora, diretora do Geledés, Instituto da Mulher Negra, Sueli Carneiro, usou o Twitter para se pronunciar.

Segundo ela, a empresa “colocou o dedo na ferida. O pus vai jorrar de todos os lados“. E foi o que aconteceu. Não demorou muito para que pensamentos contrários ao movimento começassem a fazer barulho na web.

Racismo disfarçado de ideal

O deputado federal e vice-líder do governo na Câmara, Carlos Jordy (PSL-RJ) reprovou a atitude da MagaLu e decidiu expor o que ele caracterizou como “crime de racismo”. Ele ainda ameaçou acionar o Ministério Público contra a empresa.

A Magazine Luiza, por sua vez, respondeu o deputado. “Estamos absolutamente tranquilos quanto à legalidade do nosso Programa de Trainees 2021. Inclusive, ações afirmativas e de inclusão no mercado profissional, de pessoas discriminadas há gerações, fazem parte de uma nota técnica de 2018 do Ministério Público do Trabalho”, escreveu a página da empresa no Twitter.

A escritora e filósofa Djamila Ribeiro se posicionou sobre os ataques e afirmou que “falar em racismo reverso é como acreditar os unicórnios”.

“Deixem de preguiça cognitiva. Ninguém é obrigado a saber, mas tem obrigação de buscar saber se pretende falar sobre. Para pessoas privilegiadas, a ignorância não é uma benção, a ignorância é desculpa para a manutenção do status quo. Como já disse Jurema Werneck, ‘a era da inocência já acabou, já foi tarde'”, escreveu no Instagram.

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