O primeiro trimestre da pandemia do COVID-19 no Brasil apresentou uma queda de 20,1% na renda individual do trabalho da população. A porcentagem representa a diminuição de R$ 1118 para R$ 893 mensais. O período teve início oficialmente em 11 de março deste ano. Este dado se refere aos segmentos formais, informais e sem emprego.
Os dados foram retirados da pesquisa realizada pelo Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas (FGV), com o nome “Efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho brasileiro: Desigualdades, ingredientes trabalhistas e o papel da jornada”.
Quanto à desigualdade durante o período pesquisado, houve aumento de 2,82% pelo índice de Gini. Este índice é usado para medir a desigualdade social de determinado grupo.
A metade mais pobre da distribuição teve a renda diminuída em 27,9%. Por outro lado, os 10% dos brasileiros mais ricos tiveram queda em 17,5%. Os grupos mais afetados pela pandemia foram os indígenas (-28,6%), analfabetos (-27,4%) e jovens de 20 a 24 anos (-26%).
Os dados da queda da renda individual e a desigualdade medida pelo índice de Gini tiveram recorde histórico negativo, desde o início em 2012
Estados mais prejudicados
De acordo com a pesquisa, o estado de Pernambuco diminuiu a renda em 26.9%. Alagoas tem um valor próximo, com negativa de 25,92%. São Paulo é o terceiro já lista, com a renda reduzida em 23,16. Em contrapartida, o estado do Acre teve o menor impacto negativo na pandemia, com a diminuição de 5,36%.
Com relação às capitais brasileiras, as cidades de Recife, Maceió e Porto Alegre tiveram maior impacto, com valores acima de 29%. Já a capital de Tocantins, Palmas, sofreu menos com o período, com a porcentagem de 1,78%.
Resultado por gênero
As mulheres tiveram ligeira superioridade no número da diminuição de renda. O gênero feminino apresentou redução de 20.54% contra 19.56% do gênero masculino. Os motivos indicados para o resultado negativo para ambos os gêneros é a redução da oferta de trabalho e a alta do desemprego.
“Este efeito foi maior entre as mulheres assim como entre os trabalhadores e empregados privados formais mais pobres, fatos que são consistentes com a implementação da suspensão parcial do contrato de trabalho instituída após o início da pandemia”, conclui o estudo.