Tido como um dos principais ingredientes na mesa da família brasileira, o arroz disparou seu preço nos supermercados nas últimas semanas. Um pacote de 5kg, antes vendido por volta de R$ 15, está chegando a custar R$ 40 em alguns estabelecimentos.
Levantamento feito pela USP mostra que a alta do arroz chega a 100% em um ano. A quantidade de arroz armazenado tem diminuído nos últimos anos, o que contribui para esse aumento nos preços.
Há 10 anos o arroz guardado na entressafra era de 2.500 toneladas. Hoje o valor não passa de 500 toneladas, uma queda de 80%.
Para os economistas além da entressafra, o câmbio, o clima de pouca chuva, a oferta e a alta demanda do consumo de produtos da cesta básica durante a pandemia são os fatores que geraram esse aumento no segundo semestre de 2020. E para eles, a expectativa é que o aumento vai ser contínuo nos próximos meses.
Patriotismo
Semana passada, o presidente Jair Bolsonaro chegou a pedir “patriotismo” aos supermercados, para que não aumentasses os principais itens da cesta básica e que mantivessem menor margem de lucro.
Em resposta, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) disse que os aumentos estão sendo por parte dos fornecedores de alimentos.
Aumento na exportação do arroz brasileiro
A alta do alimento também está associada à alta do dólar, assim como o óleo de soja e o feijão, que também são produtos importantes da cesta básica. Os produtores têm preferência em exportar, ganhar em dólar, a vender nos mercados brasileiros. Houve um salto de 260% em exportações entre março e julho deste ano, totalizando 300 mil toneladas.
Alguns países asiáticos pararam de exportar arroz, e os Estados Unidos, por exemplo, estavam sem produto nas gôndolas. Houve então uma procura maior pelo arroz brasileiro, que também entrou em novos mercados, como o mexicano.
Redução na taxa de importação foi barrada
Membros do setor se reuniram semana passada para discutirem a Tarifa Externa Comum (TEC) do arroz, onde uma taxa de 16% é cobrada na importação do Mercosul.
Segundo eles, se a tarifa fosse revista, a quantidade de arroz nos mercados brasileiros poderia aumentar e os preços iriam baixar.
Porém o comitê formado por produtores, indústria, cooperativas e governo barrou a medida, com 16 votos contra, seis a favor e uma abstenção.