Liberação do auxílio emergencial mostra sinal de alerta para a diferença social brasileira. Na última semana, a FGV/Ibre divulgou uma pesquisa com os resultados dos pagamentos de R$ 600 do coronavoucher. De acordo com o estudo, desenvolvido a partir dos dados da Pnad Covid, do IBGE, em junho, o benefício representou 97,2% da renda total dos cidadãos mais pobres.
O pagamento do auxílio emergencial foi desenvolvido com a finalidade de reduzir os impactos econômicos do novo coronavírus.
Cerca de 10% dos brasileiros com a menor renda nacional tiveram os R$ 600 como fonte única para garantirem seus sustentos. Os dados mostram que, mais de 21 milhões de pessoas estão enquadradas nesse grupo.
O valor total do benefício, quando distribuído, mostrou uma quantia de R$ 271,93, o que significa uma média de R$ 7,15 por pessoa. Para os inclusos nesse grupo, percebe-se então uma situação extrema de vulnerabilidade social, onde é preciso uma maior atuação do governo.
— Isso mostra que há uma dependência da população mais pobre em relação ao benefício — destacou a FGV.
Sobre o auxílio emergencial
Desde que foi lançado, o benefício está funcionando como uma garantia financeira para milhares de famílias. Entre os 20% mais pobres, há uma distribuição média de R$ 151,20 para R$ 376,39 disponibilizado por lar para garantir o sustento.
De acordo com os dados do IBGE, pode-se observar que o auxílio emergencial foi destinado para aproximadamente 80% das casas enquadradas entre as faixas de renda básica (faixa dois). Já os demais ficaram entre aqueles de classe intermediária. Ao todo, foram contemplados 29,4 milhões de lares, apenas em junho.
Bolsa família
Outro ponto importante foi o impacto que isso gerou no Bolsa Família. Com o auxílio, os segurados tiveram um acréscimo de renda de R$ 190 para R$ 600 por família.
Dessa forma, apenas este grupo passou a ser melhor contemplado, mas sabe-se que os valores ainda não são o suficiente para garantir melhoria e qualidade de vida.
— Chama atenção, pois o Bolsa Família não correspondia a algo nem próximo disso, desse percentual quando existia o auxílio, correspondia a 30, 40% dos 10% mais pobres — ressalta a pesquisa.