Direta ou indiretamente, as medidas de auxílio emergencial promovidas pelo governo federal no enfrentamento da pandemia do coronavírus, atingiram cerca da metade da população no mês passado.
De acordo com dados da Pnad Covid, divulgada ontem (23) pelo IBGE, 43% das casas no país possuem algum membro que está recebendo o auxílio emergencial do governo ou o BEm (Benefício de Proteção ao Emprego), pago para os trabalhadores que tiveram o contrato de trabalho suspenso ou sua jornada e salário reduzido.
Os dados obtidos em junho, são superiores aos de maio, quando foram identificados 38% dos lares no Brasil com pelo menos um membro beneficiário do auxílio ou do BEm. No total, 29,4 milhões de domicílios receberam alguma ajuda no mês de junho, com um valor médio de R$845.
Os estados do Norte e do Nordeste foram os que mais receberam ajuda, com uma média de 45% das casas com algum membro beneficiário. Já no Sul, o percentual foi de 30%.
Mesmo com foco na população mais carente, ainda existe uma parcela que não foi atingida pelas ajudas do governo, como a extrema pobreza, por exemplo.
Os dados do IBGE mostram que 3,4 milhões de pessoas que possuem uma renda familiar per capita menor que R$50, não conseguiram acesso ao auxilio emergencial.
Com uma possível alta nas taxas de desemprego nos próximos meses e o fim da ajuda em agosto, os especialistas se preocupam com esta parcela da população. O auxílio tem sido uma espécie de colchão na renda das famílias, principalmente entre os mais carentes.
Para se ter uma ideia, somente na última semana de junho, cerca de 1,4 milhão de pessoas perderam sua ocupação.
“O mercado de trabalho não vai ser capaz de absorver essas pessoas. Se tivéssemos numa situação de queda dos casos (de Covid-19), assim como dos indicadores de mortalidade e contágio, a situação seria mais branda”, afirmou a pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Débora Freire Cardoso.
Débora defende que o auxilio emergencial seja pago até agosto ou que seja criado um programa de transição.
Entre os 10% da população mais pobre, a renda domiciliar per capita com auxílio foi de R$ 271,92. Sem o auxílio do governo, essa quantia vai para míseros R$ 7,15. Em média, o aumento da renda domiciliar é de 11%.