Taxação dos juros no Brasil é motivo de debate e instabilidade. Com a chegada do novo coronavírus, a taxa básica de juros (Selic) sofreu uma redução considerável. Nesse momento, sua aplicação está numa faixa de 3%, sendo considerado um piso histórico para a economia nacional. Mediante a este cenário, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Fabio Kanczuk, explicou, em entrevista realizada nessa quarta-feira (3), que ainda assim não se deve projetar um uma visão totalmente negativa.
Para o gestor, o plano atualmente divulgado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), no qual acredita em um fechamento anual de 2,25%, não deve ser visto como algo estável, tendo em vista que a economia poderá reagir ao longo dos próximos meses.
Fabio deu os informes durante uma videoconferência promovida pela Câmara Americana de Comércio. De acordo com ele, ao fazer uma estimativa da Selic em 2,25% ao ano, o BC apenas demonstrava sua preocupação com os impactos na taxa de câmbio, prevendo uma disparada do dólar ainda mais elevada, graças a redução dos juros brasileiros.
“Eu não vi esse plano de voo como algo escrito na pedra, algo fixo, que não podemos cruzar. Vimos diferentes membros do comitê fazendo cálculos diferentes. Alguns estão usando o cupom cambial. Alguns estão indo em direção a diferentes ativos, outros olhando a parte baixa da curva, e tirando o prêmio. Outros olhando para o cenário de evolução da dívida/PIB. As pessoas não tem um número claro, discordam, é um número dinâmico [para o piso]”, declarou ele.
Para Fábio, nesse momento, a principal preocupação deve ser o crescimento de dívidas das empresas, tendo em vista que muitas delas estão fechando suas portas por causa do novo coronavírus.
“Então, a questão aqui que o BC está preocupado tem mais a ver não com a inflação, mas sim com a estabilidade financeira e como depreciações do real podem prejudicar o crescimento, em especial em companhias que não tenham um ‘hedge’ [proteção contra perdas] perfeito. Então, é uma questão mais de um efeito no balanço patrimonial das empresas e como a depreciação pode prejudicar essas firmas”, explicou o gestor.