Novo projeto do governo federal gera clima de tensão política e instabilidade econômica. Anunciado na última semana, o programa Pró-Brasil vem sendo ponto de tensão entre os ministérios em Brasília. A proposta tem como finalidade desenvolver um milhão de empregos em todo o território nacional, pelos próximos 30 anos. No entanto, apesar de parecer benéfica, não está sendo bem vista pelo ministro Paulo Guedes, que afirmou não ter orçamento o suficiente para sua gerência.
Segundo ele, o projeto ainda deve ser considerado um estudo, tendo em vista que precisam ser formuladas medidas para que o orçamento da União se enquadre na proposta.
O representante defende que, nesse momento, considerando a crise econômica que está afetando todo o país, não é hora para injetar dinheiro público nas mãos de intermediários para a realização de obras.
— O programa Pró-Brasil, na verdade, são estudos, justamente na área de infraestrutura, de construção civil. São estudos adicionais para ajudar nessa arrancada de crescimento que nós vamos fazer. Agora, isso vai ser feito dentro dos programas de recuperação de estabilidade fiscal nossa. Nós não queremos virar a Argentina, não queremos virar a Venezuela, estamos no caminho da prosperidade — disse, em entrevista na porta do Palácio do Alvorada, ao lado do presidente Jair Bolsonaro.
A fala de Guedes tem como base a ideia principal do programa, que é de gerenciar construções civis e assim aumentar o número de contratações, como no projeto do Plano Nacional de Desenvolvimento, no governo Geisel.
Porém, para ele a decisão poderá comprometer a democracia brasileira e resultar em contratos e parcerias que colocarão a credibilidade do poder público em risco.
Sobre o Pró-Brasil
O texto do programa é de autoria do ministro do Desenvolvimento Regional (MDR), Rogério Marinho, com apoio de generais palacianos. A proposta vem sendo formulada desde o começo do ano, mas foi antecipada com a chegada do covid-19.
Os pontos básicos de funcionamento da medida ainda não foram formulados e devem ser anunciados em breve. Questionado sobre como fará o projeto funcionar no que diz respeito as obrigações orçamentárias, Marinho não se manifestou a respeito.
Porém, de acordo com fontes do governo, o representante espera entrar em consenso com Paulo Guedes, de modo que o ministério da economia apresente alternativas para fazer com que o desenvolvimento do país retome seu ritmo através da geração de empregos.