Dólar de turismo bate recorde e ultrapassa valor de R$ 6,20 nas casas de câmbio. Nessa sexta-feira (24), o mercado sentiu mais uma vez os impactos da crise do Covid-19 e da instabilidade política no Brasil. Logo após ser anunciada a saída do Ministro da Justiça, Sérgio Moro, os operadores de câmbio avaliaram o fechamento da moeda americana com um acréscimo de 2,538%.
Na máxima da sessão, seu valor de comércio ficou registrado em R$ 5,7433, apresentando uma valorização de 0,87%, para R$ 5,586. No entanto, nas casas de câmbio, as cotações estavam ainda maiores.
No site MelhorCâmbio.com, o dólar em espécie estava sendo vendido por R$ 5,87. Para quem fosse comprar pelo cartão pré-pago o valor a ser pago era de R$ 6,38, chegando a R$ 6,91.
Na manhã desta segunda-feira (27), o dólar alcança a marca de R$5,61. E na sua versão de venda para turismo pode chegar a R$5,83.
Impacto das taxas de juros
De acordo com os especialistas, um dos motivos que estão contribuindo para a super valorização da moeda diz respeito as modificações nas taxas de juros nacionais. Com a crise do Covid-19, os bancos estão lançando uma série de medidas que tem como finalidade tornar a possibilidade de empréstimos e financiamentos mais fáceis para os clientes.
Desse modo, uma das ações para otimizar a solicitação dos serviços é a redução nas taxas de juros. Tornando mais barato o acesso de empresas e pessoas físicas a possibilidade de créditos.
Atualmente, a SELIC está com uma redução de 3,75%, menor número da história. De acordo com o Boletim Focus, o Banco Central ainda espera uma queda de mais 3% neste ano.
Com os juros menores, os investidores internacionais perdem o interesse na realização de negócios, fazendo com que haja uma saída de recursos. O cenário reflete automaticamente na redução da compra e venda do dólar, gerando um encarecimento na moeda.
Efeitos do cenário político no dólar
Outro motivo que também vem contribuindo consideravelmente para este cenário econômico é a situação política do país. O clima de instabilidade e tensão do presidente, Jair Bolsonaro, com os seus ministros e demais parlamentares vem fazendo com que o mercado reaja de forma contrária a economia nacional.
“A saída de Moro afeta o mercado de várias maneiras. A primeira e mais óbvia é que o mercado não gosta de incerteza. Fosse em um cenário normal, um ministro pedindo demissão já seria algo importante que mexeria com o mercado”, disse Marcelo Giufrida, CEO da Garde Asset Management e ex-presidente da Anbima.