O ouro, símbolo máximo de segurança e reserva de valor, pode estar vivendo os últimos capítulos de sua escalada histórica.
Um alerta recente do economista John Higgins, da Capital Economics, reacendeu o debate: o metal pode estar em uma bolha prestes a estourar?
Assim, os últimos meses, o preço do ouro ajustado pela inflação atingiu patamares próximos aos recordes de 1980.
Segundo Higgins, já estaria cerca de 60% acima do pico histórico em termos reais. Essa disparada, embora atraente para investidores, levanta sinais de que a valorização não se sustenta nos fundamentos econômicos.
Por que o ouro pode estar em uma bolha?
Em relatórios divulgados por canais de notícias, o economista argumenta que o ouro está caro demais para o cenário atual.
Desse modo, o preço elevado não se justifica por fatores tradicionais, como juros baixos ou inflação descontrolada.
Hoje, os rendimentos reais dos títulos norte-americanos estão em alta, um movimento que normalmente desvaloriza o ouro, já que o metal não paga juros ou dividendos.
Isso enfraquece seu papel como ativo de refúgio, tornando o rali recente um fenômeno de natureza mais especulativa do que estrutural.

Entre os fatores que explicam a alta, Higgins cita, principalmente:
-
Compras agressivas de bancos centrais, especialmente em países emergentes;
-
Aumento das reservas chinesas e diversificação em relação ao dólar;
-
Expansão dos ETFs de ouro, que facilitam o acesso de investidores comuns;
-
O efeito “FOMO” (medo de ficar de fora), típico de bolhas financeiras.
O que pode acontecer se a bolha do ouro estourar?
Se o ouro perder tração, o impacto pode se espalhar rapidamente pelos mercados globais.
Fundos, bancos centrais e investidores individuais expostos ao metal podem rever posições, provocando uma correção acentuada nos preços.
Além disso, o movimento tende a fortalecer o dólar e os títulos do Tesouro americano, que voltariam a ser vistos como porto seguro.
Para economias emergentes, como o Brasil, isso pode significar maior volatilidade cambial e pressão sobre os preços internos de commodities.
Contudo, o alerta de Higgins não significa que o ouro perderá todo o seu valor.
Em períodos de incerteza geopolítica ou risco sistêmico, o metal mantém seu papel estratégico, sobretudo, em carteiras de longo prazo.
O que o investidor deve fazer agora
Para quem investe em ouro ou em ativos lastreados no metal, o momento exige cautela e diversificação. Especialistas recomendam:
-
Reduzir a exposição a curto prazo, evitando compras em picos históricos;
-
Avaliar o peso do ouro na carteira (ideal entre 5% e 10% para proteção);
-
Acompanhar os movimentos do dólar e dos juros nos EUA, que influenciam diretamente o preço do metal.
O cenário ainda não é de pânico, mas o alerta está lançado. Assim como toda bolha, o estouro só é reconhecido quando já aconteceu.
E quem fica muito tempo na onda corre o risco de ver o brilho do ouro desaparecer da noite para o dia.





