O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou que cerca de 64 mil beneficiários do auxílio emergencial estavam entre os doadores de campanhas do primeiro turno das eleições municipais deste ano de 2020. Ou seja, a quantia que deveria ser usada para complementar a renda na crise, foi doada para campanha política.
Esses doadores foram responsáveis por repasses que somam mais de R$54,5 milhões.
Nesta segunda-feira (23), o levantamento foi realizado pelo Núcleo de Inteligência da Justiça Eleitoral do tribunal.
As informações foram obtidas depois de um cruzamento de dados que fazem parte de seis órgãos federais, como Receita Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e Ministério Público Eleitoral (MPE).
Os técnicos inseriram ainda no sistema a lista dos beneficiados com os pagamentos do auxílio emergencial, além daqueles que recebem o Bolsa Família.
De acordo com os técnicos, a realização das análises do auxílio emergencial impactou de forma significativa no total de doações e pagamentos com suspeitas de irregularidades. Com isso, estão sendo investigados cerca de R$589 milhões.
Esta análise apontou que houve 31.725 empresas fornecedoras de campanha, no qual o quadro societário inclui beneficiários do programa Bolsa Família ou do auxílio emergencial.
De acordo com a prestação de contas, essas empresas foram contratadas para prestar serviços para as campanhas e receberam pagamento de R$386 milhões.
No dia 16, que foi a etapa anterior de verificação, os dados só levavam em conta os beneficiários do Bolsa Família.
Na checagem haviam sido identificados 1.289 fornecedores com beneficiários do programa social entre os sócios, e que tinham recebido um total de R$ 940 mil.
Ainda foram identificados:
- 7.985 empresas criadas recentemente e com sócio filiado a partido político que receberam um total de R$ 68,7 milhões;
- 12.437 doadores sem emprego formal que repassaram um total de R$ 44,2 milhões;
- 2.751 doadores com renda incompatível com doações que somam R$ 23,7 milhões;
- 5.603 prestadores de serviço que têm parentesco com a candidatos e que receberam um total de R$ 7,3 milhões;
- 1.949 fornecedores sem registro na junta comercial ou na Receita que receberam R$ 3,3 milhões;
- 24 doadores que aparecem no Sistema de Controle de Óbitos e como responsáveis por doações de R$ 36 mil.
As informações serão analisadas pelos juízes eleitorais que podem solicitar novas investigações