Programa social descobre parcela da sociedade que não tinham dados registrados nas plataformas públicas. De acordo com os dados liberados pelo Governo Federal, cerca de 31,8 milhões de brasileiros foram contemplados pelo coronavoucher mesmo sendo considerados invisíveis pela gestão pública. Segundo o ministro Paulo Guedes, não haveria registro desse grupo em nenhum banco de dados da União.
O pagamento do auxílio emergencial vem demonstrando cada vez mais a desigualdade social que afeta todo o país.
Além de reforçar o índice de pobreza, o benefício revelou também que há milhões de brasileiros sem ter seus dados registrados nos dados públicos. Grande parte não tinha nem ao menos acesso a própria documentação.
É válido ressaltar que desde que começou a ser pago o auxílio emergencial registrou um total de 68,1 milhões de segurados. Desse número, quase 50% estava excluído dos dados do Cadastro Único, que tinha apenas 10,5 milhões de pessoas registradas. Já para quem era do Bolsa Família houve uma identificação de 19,5 milhões de cidadãos.
Invisíveis acessam app da Caixa
No caso daqueles que não possuíam nenhum registro, a solicitação do benefício foi feita pelo aplicativo da Caixa. Intitulados de invisíveis pelo governo, o grupo de 38 milhões de pessoas, mesmo em situação de vulnerabilidade social, não vinha sendo acompanhado pela gestão pública.
Socióloga, Letícia Bartholo, especialista em políticas públicas e gestão governamental, explica que esse grupo se encontra entre o meio termo de pessoas que não estão nos critérios mínimos de renda determinados pelo ministério da cidadania, mas também não possuem recursos o suficiente para garantir seus direitos básicos.
“Elas não estão na proteção que o Estado dá aos mais vulneráveis, proteção assistencial, e não estão na proteção que o Estado confere ao trabalhador formal, que recebe auxílio-doença, seguro-desemprego etc.”, afirma.
Ela afirma que a intitulação de invisível adotada pelo governo é insensível e reforça ainda mais o descaso da gestão para com a própria sociedade.
Dentro desse grupo, a especialista reforça, existem pessoas como jardineiros, diaristas, entre outras, que devem ter seguradas em lei federal.
“No Brasil são milhões de pessoas na informalidade. Por isso não gosto do termo. Os ‘invisíveis’ pegam ônibus todo dia. É o jardineiro, a diarista. Eles estão a um palmo dos olhos de cada um de nós”, reforçou.