- Brasileiros refazem suas contas mediante crise do covid-19;
- Novas aquisições são descartadas temporariamente para evitar grandes despesas;
- Serviços relacionados a turismo começam a reagir depois da paralisação.
Pandemia do novo coronavírus gera impacto negativo em carca de 60% das empresas de Bens e Serviços. Com a chegada do covid-19, os brasileiros precisaram reformular suas prioridades de compras e também modificar alguns costumes para poder economizar. Desse modo, o mercado passou a ser gravemente impactado e apresenta projeções ainda difíceis para 2021.
Um estudo realizado pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) mostrou que quase 60% das empresas de bens e serviços estão sentindo os efeitos da crise econômica do covid-19.
A pesquisa ouviu cerca de 1.171 pessoas, onde 58% afirmou ter reduzido os gastos nos últimos meses.
Justificativas para cortes
Dentre o número de pessoas escutadas, 53% afirmaram que o principal motivo da economia diz respeito a incerteza com relação ao futuro do mercado. Sem muitas projeções positivas de melhoria econômica, os brasileiros estão optando por poupar seus recursos.
Além disso, outros 31% afirmaram estar guardando dinheiro por precaução. Nesse caso, os entrevistados têm valores o suficiente para administrar as despesas, mas preferem guardar uma quantia especifica para possíveis situações de emergência.
Há também 19% que estão sem gastar com medo de que algum familiar seja desempregado e outros 13% que já foram afetados pelas demissões e encontram dificuldades para arrumar um novo trabalho.
No caso das famílias que têm uma renda de até R$ 2.100, 34% garantem que estão sem emprego, sendo a grande parte demitida ao longo da pandemia.
O IBGE mostra ainda que, até o mês de setembro, as demissões cresceram em 14% em todo o território nacional, sendo o maior percentual da história da Pnad Covid.
Serviços e consumos viram plano B
Diante de tal cenário, o primeiro corte adotado pelos trabalhadores foi cortar despesas consideradas não essenciais.
Novas aquisições e manutenções mensais como reformas e até mesmo idas a salão de beleza agora não fazem parte da tabela de gasto de muitos.
“O consumidor continuar se mantendo bastante cauteloso em relação à compra de bens ou serviços. Esse percentual é mais alto para as faixas de renda mais baixas, que foram as que mais sofreram na pandemia, com perda de emprego e suspensão de contrato de trabalho e estão com nível de endividamento mais alto”, afirma Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens do FGV Ibre.
“Nas faixas renda mais alta, grande parte está poupando por precaução, mas isso está acontecendo também nas faixas de renda mais baixas, pelo medo do desemprego e de uma nova onda da pandemia”, explicou a coordenadora.
Adequação das contas
Paulo Serpa, produtor de 24 anos, explicou que passou a reduzir consideravelmente seus gastos com medo de ter sua renda modificada.
De acordo com ele, a pandemia lhe fez repensar a forma como administrava seu dinheiro, gerando um desejo de economia.
“Nunca fui cuidadoso com dinheiro, mas passei a ficar mais atento. Comecei a comprar e cozinhar mais em casa para economizar e por medo de contaminação.”
O produtor agora conta com uma nova cultura para organizar sua verba, fazendo atualizações mensais de planilhas e mudando até mesmo onde consome certos produtos.
“Supermercado no interior é mais barato, então, quando voltei para São Paulo, assustei com a conta no final das compras. Aí você começa a reduzir, come menos arroz e se acostuma a marcas mais baratas”, explicou.
Setor da cultura também foi afetado
Além de economizar nas compras, os brasileiros estão também em acesso a cinemas, teatros e demais atividades culturais.
Mesmo com as últimas flexibilizações da quarentena, o mercado nesse setor permanece sem muita movimentação mediante não somente ao risco de infecção, como também a necessidade de economizar.
De acordo com os números contabilizados pelo FGV Ibre, há uma projeção de melhoria, já a partir de outubro em comparação com setembro. O cinema e teatro (de 80% para 64%), viajar de férias de avião ou ônibus (de 70% para 48%), frequentar bares e restaurantes (de 64% para 42%) e shopping centers (de 55% para 38%).
“Há uma propensão maior das pessoas voltarem aos shoppings do que, por exemplo, irem a cinema e teatro. Faz sentido, se você está indo para o shopping center você tem a questão dos serviços lá, mas também tem muitas lojas. Nos outros serviços há uma cautela maior dos consumidores”, afirma Bittencourt.