Reforma administrativa deve receber MUDANÇAS no texto com novos cortes

PONTOS CHAVES

  • Novos cortes deverão ser tratados na reforma administrativa
  • Cargos comissionados ficam ameaçados
  • País não segue exemplos internacionais
  • Congresso deve receber nova proposta

Cargos comissionados ficam ameaçados com a pauta da reforma administrativa. Ao longo das últimas semanas, o governo federal vem trabalhando o texto do projeto que tem como finalidade reestruturar o serviço público em todo o país. A ideia, de acordo com Jair Bolsonaro, é proporcionar uma maior economia para as contas da União por meio da redução de servidores.   

Reforma administrativa deve receber MUDANÇAS no texto; veja o que muda (Imagem: Google)
Reforma administrativa deve receber MUDANÇAS no texto com novos cortes (Imagem: Google)

Desde que foi anunciada, a reforma administrativa vem causando uma série de polêmicas. Há muitos que acreditam ser uma pauta necessária para cortar os privilégios administrativos do funcionalismo público e outros que acreditam que o texto só irar prejudicar aqueles que estão na base da pirâmide enquanto servidores. 

De todo modo, a versão final de seu texto ainda não foi liberada e, de acordo com analistas, a proposta enviada até o Congresso nesse momento não aborda os principais problemas do serviço público brasileiro, como o número elevado de cargos comissionados.  

Fim das contratações políticas 

Os cargos comissionados são aqueles onde representantes e gestores montam sua equipe mediante relacionamentos internos e políticos.

Para estes, não é preciso uma seleção via concurso público, por exemplo, ou os concursados podem subir em sua posição mediante esse tipo de convocação.  

De acordo com Felipe Drumond, consultor da Frente Parlamentar e integrante do Republica.org, ONG sobre gestão, o país contém um alto número de servidores comissionados. Ele explica que esse tipo de serviço se torna mais difícil de fiscalizar e deveria ser a pauta principal da reforma.  

— O Brasil possui uma quantidade de livre nomeação absurda frente aos países de referência e não faz processos seletivos para alta direção em busca dos melhores profissionais.  

A expectativa até o momento é que tais mudanças de regras passem a ser inclusas em uma nova atualização do projeto, tendo em vista que tais alterações não deverão ser validadas através de uma única Proposta de Emenda à Constituição (PEC).  

Repensar a estabilidade 

Professor do Insper, Marcelo Marchesini, explica que a proposta atual do governo vem absorvendo as principais alterações administrativas aplicadas em demais países, como a Alemanha, perdendo assim a eficiência e profissionalismo no serviço público.  

— O fato de o governo não indicar mudanças no sistema de preenchimento de cargos comissionados é problemático, pois podem ser mantidas as nomeações políticas, pouco eficientes. A reforma não menciona a seleção. Fala em manter concursos públicos, o que é em princípio desejado em termos de impessoalidade. Mas eles têm muitas falhas, qualidade duvidosa, provas mal elaboradas, processos caros e demorados. E é preciso repensar a seleção. 

Reforma administrativa deve receber MUDANÇAS no texto; veja o que muda (Imagem: Google)
Reforma administrativa deve receber MUDANÇAS no texto; veja o que muda (Imagem: Google)

Humberto Falcão, professor da Fundação Dom Cabral, que foi secretário de Gestão do governo federal, concorda que a seleção para atividades na administração pública, em nível federal ou municipal, deve ser feita exclusivamente por meio de concursos, reforçando assim a qualidade dos profissionais em atuação.  

— A seleção deve considerar não apenas conhecimentos, mas vocações, habilidades, atitudes e perfis psicológicos — diz Falcão. 

Defesa do governo na reforma administrativa

Há ainda quem defenda que o governo vem elaborando os principais pontos de acordo com a realidade nacional, afirmando que não se pode resolver todos os assuntos relativos em uma única reforma.  

Wagner Lenhart, secretário de Gestão e Emprego do Ministério da Economia, afirma o texto da reforma administrativa teve como inspiração os principais projetos internacionais de sucesso, cuja a finalidade foi de elaborar uma mudança aplicada nos níveis:

  • Aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), com regras gerais para os futuros servidores;
  • Projetos de Lei específicos para regulamentar questões como gestão de desempenho e regras de remuneração. 

— Em Portugal, a reforma administrativa começou a ganhar tração em 2009 e segue avançando. E só foi para a frente por ter se tornado uma questão de Estado, avançou em governos de direita e de esquerda — diz. 

Eduarda AndradeEduarda Andrade
Doutoranda e mestra em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a coordenação de edição dos Portais da Grid Mídia e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas socias e economia popular. Iniciou sua trajetória no FDR há 7 anos, ainda como redatora, desde então foi se qualificando e crescendo dentro do grupo. Entre as suas atividades, é responsável pela gestão do time de redação, coordenação da edição e analista de dados.