PONTOS CHAVES
- Greve dos Correios começou em 17 de agosto e segue indeterminada
- Funcionários dizem que a greve vai durar até a estatal “abrir um canal de diálogo” ou pedir dissídio coletivo
- Segundo o Procon, foram 2.182 queixas contra o serviço somente no primeiro semestre de 2020
Se tem uma notícia que desespera muitas pessoas é a que os Correios estão em greve. Quando isso acontece surgem dúvidas a respeito das entregas, do tempo de espera, se os boletos serão entregues, entre outras.
A Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares) comunicou no dia 17 de agosto que a categoria estava entrando em greve. Segundo a organização, 70% dos empregados dos Correios em todo o Brasil aderiram a greve que não possui prazo determinado.
Por outro lado, os Correios afirmam que 83% de seus funcionários estão trabalhando normalmente e que o sistema de entregas não foi atingido.
Com essa greve fica a pergunta: como as empresas de e-commerce estão se virando para permanecer atendendo os clientes?.
Desde o começo da pandemia do coronavírus em março, as compras pela internet registaram uma alta de 70% no segundo trimestre, o que acabou pressionado a cadeia logística de entregas.
Algumas empresas se preparam para enfrentar situações como esta. As maiores empresas varejistas criaram sua própria estrutura de logística e entregas.
A greve dos Correios
De acordo com os sindicatos que representam os trabalhadores dos Correios, a greve pode ser intensificada sem prazo determinado. Eles afirmam que a greve vai durar até a estatal “abrir um canal de diálogo” ou pedir dissídio coletivo.
Caso o dissídio coletivo aconteça, o caso pode ser levado mais uma vez ao TST (Tribunal Superior do Trabalho.
Até lá, os sindicatos desejam estender a greve com “piquetes” (o bloqueio do acesso aos locais de trabalho), nas unidades que ainda estão em funcionamento. Segundo a lei, é obrigatório que 30% do contingente permaneça trabalhando.
Os Correios disseram também que autorizaram a jornada extraordinária e deslocaram empregados da área administrativa para funções operacionais que ficam a cargo dos carteiros, carregadores e motorista.
“Deliberamos intensificar a greve porque entendemos que o único caminho para se restabelecer os direitos vai ser por meio da correlação de força: eles tiram nossos direitos, nós paramos a produção. Para suspender qualquer movimento de greve, a empresa vai ter que retomar o diálogo e colocar propostas que atendam minimamente aos anseios dos trabalhadores”, disse Emerson Marinho, o secretário de Comunicação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect).
Acordo Coletivo suspenso
No dia, 21 de agosto, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu definitivamente o acordo coletivo dos trabalhadores dos Correios, que de início tinha previsão de ir até o próximo ano. Os sindicatos afirmam que 70 cláusulas, de um total de 79 com direitos, foram retiradas.
Entre as cláusulas retiradas estava 30% do adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais, e também o pagamentos como adicional noturno e horas extras.
No mutirão realizado no final de semana passado, os funcionários da área administrativa foram deslocados para área operacional. De acordo com os Correios, foram entregues 1,2 milhão de cartas e 4,7 milhões de objetos postais.
Reclamações
A greve dos Correios acontece em um momento de alta nas reclamações a respeito dos serviços da estatal. Segundo o Procon de São Paulo, foram 2.182 queixas contra o serviço da empresa somente no primeiro semestre de 2020, representando cinco vezes mais do que o registrado no mesmo período de 2019. O atraso nas entregas é a principal queixa dos consumidores, diz a entidade de defesa do consumidor.
Boletos
A diretora do Procon Porto Alegre, Fernanda Borges, diz que a melhor forma de evitar transtornos causados pelo não recebimento de boletos de cobrança é conversar com o prestador do serviço para obter o documento de outra forma.
“A recomendação do Procon é que o consumidor empregue esforços para contatar a empresa, seja através do site, seja através do serviço de atendimento ao consumidor, para identificar se existe alguma outra forma para ele efetuar o pagamento da dívida. Seja por meio de transferência bancária ou ele pode buscar receber o boleto por e-mail ou acessando o site da empresa”, disse.