Nos últimos meses, uma pergunta tem tomado conta das redes e dos cursinhos: o concurso público tradicional está acabando?
A dúvida surge diante da consolidação do Concurso Público Nacional Unificado (CNU). Este é o modelo que o governo federal criou para centralizar as seleções de servidores.
Dessa forma, o “Enem dos concursos”, promete eficiência, economia e maior acesso. Porém, também divide opiniões entre concurseiros e especialistas.
O que muda com o novo modelo do CNU
O CNU foi idealizado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e aplicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2025.
Ele substitui dezenas de concursos isolados por um único edital nacional, com provas aplicadas simultaneamente em mais de 200 cidades.
Os candidatos escolhem blocos temáticos de áreas afins, como gestão pública, infraestrutura, tecnologia ou meio ambiente. Assim, podem concorrer a diferentes cargos dentro do mesmo grupo.
Na prática, um único exame serve para disputar várias vagas em órgãos federais, como IBGE, Receita Federal e Ministério da Saúde.
O objetivo é, sobretudo, reduzir custos, padronizar critérios e garantir mais igualdade de acesso.
egundo o MGI, o formato evita deslocamentos caros e amplia a participação de candidatos de regiões distantes dos grandes centros.
É o fim dos concursos tradicionais?
Apesar das vantagens, o CNU também desperta resistência.
Muitos candidatos temem que o novo sistema centralize demais o processo seletivo e limite a autonomia de cada órgão público.
Além disso, especialistas alertam para o risco de um “engessamento” burocrático. Isso porque diferentes instituições possuem perfis e demandas específicas.
Outro ponto polêmico é a queda no número de inscritos: de 2,1 milhões em 2024 para cerca de 761 mil na edição de 2025.
Parte dos analistas vê nesse número um sinal de desconfiança — e não necessariamente de modernização.
Ainda assim, o governo garante que o projeto seguirá em andamento e deve se repetir a cada dois anos, ajustando falhas e ampliando a adesão dos órgãos.
Qual será o futuro da seleção pública no Brasil?
O debate em torno do CNU vai muito além da prova.
Afinal, ele representa uma tentativa de reinventar o serviço público, equilibrando meritocracia, inclusão e digitalização.
Mas o sucesso do modelo dependerá da transparência, da eficiência da banca e da capacidade de corrigir erros das edições iniciais.
Por enquanto, o “adeus ao concurso tradicional” ainda não é definitivo — mas o formato unificado já é uma realidade em expansão.
Se funcionar como promete, poderá se tornar o novo padrão de ingresso no Estado brasileiro.