Recuperação judicial da 123 Milhas: processo completa 48 meses e propõe pagamento em até 12,5 anos

O processo de recuperação judicial do grupo 123 Milhas, que inclui empresas como Maxmilhas, HotMilhas, Novum e LH Lance Hotéis, completou dois anos no final de agosto. Entretanto, chama a atenção o fato de não ocorrer a realização da assembleia de credores.

O atraso, que aliás, é incomum no cenário jurídico, preocupa especialistas. E claro, milhares de consumidores, trabalhadores e empresas impactados pela crise.

Vale destacar que de acordo com a legislação brasileira, essa etapa costuma ocorrer em até 180 dias.

No entanto, a complexidade do caso e disputas jurídicas prolongaram o andamento do processo. Ele começou em agosto de 2023 na 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte.

Por que o processo está atrasado?

Logo após o pedido de recuperação judicial, que envolvia um passivo estimado em R$ 1,6 bilhão, o juiz responsável nomeou administradores judiciais e fixou honorários de 4%.

Porém, o Ministério Público recorreu, pedindo constatação prévia da situação das empresas e revisão dos honorários. Essa medida, portanto, suspendeu o processo por meses.

Além disso, houve substituição e posterior recondução dos administradores, o que também contribuiu para a demora.

O plano de recuperação só foi apresentado em dezembro de 2024, mais de um ano após o início do processo, e recebeu rejeição de diversos credores. A assembleia que deve avaliar e votar a proposta ainda não tem data definida.

Imagem de um avião no céu ilustrando o processo de recuperação judicial da 123 Milhas
123 milhas ─ Imagem: Reprodução

O que prevê o plano de recuperação judicial da 123 Milhas?

O plano apresentado pelo grupo 123 Milhas estabelece diferentes condições de pagamento, de acordo com a categoria do crédito. Confira:

Categoria Condições de pagamento
Trabalhistas 12 parcelas mensais, iniciando após homologação do plano.
Micro e pequenas empresas Até R$ 100 mil: 12 parcelas mensais. Valores acima: carência de 6,5 anos + 8 parcelas trimestrais.
Quirografários (demais) Carência de 6,5 anos + 12 parcelas semestrais.
Alternativas adicionais Cashback mínimo de 4% em compras (limite de R$ 80 milhões); desconto de 40% para pagamento em até 1,5 ano; recebimento fixo de R$ 450 em até 2 anos (limite de adesão).

Essas condições buscam dar fôlego ao grupo e oferecer alternativas para os credores. No entanto, a viabilidade do cumprimento ainda é questionada por parte do mercado.

Andamento do processo exige atenção aos prazos

Caso o plano seja aprovado pela assembleia, os credores terão apenas 15 dias úteis após a homologação para escolher como receber seus valores.

A advogada especialista Mara Denise Poffo Wilhelm alerta que quem não se manifestar poderá começar a receber apenas em 12,5 anos, em oito parcelas semestrais.

Por isso, é fundamental que consumidores, trabalhadores e empresas afetadas acompanhem de perto o processo. E, sempre que possível, busquem orientação profissional para decidir a melhor alternativa.

A recuperação judicial da 123 Milhas se tornou um dos casos mais emblemáticos do setor de turismo no Brasil.

A demora para a assembleia de credores reforça a complexidade do processo, mas também aumenta a incerteza para quem aguarda receber valores.

O desfecho, ainda indefinido, será decisivo para determinar como consumidores e empresas conseguirão reaver parte de seus créditos.

Moysés BatistaMoysés Batista
Moysés é Bacharel em Letras pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Além de ter entregue mais de 10 mil artigos em SEO nos últimos anos, tem se especializado na produção de conteúdo sobre benefícios sociais, crédito e notícias nacionais.