Uma pesquisa da Quaest revelou que 75% dos entrevistados apoiam a isenção no IR para salários de até R$ 5 mil mensais. O levantamento indica ampla aceitação da proposta entre diferentes grupos políticos.
A medida, apresentada pelo Ministério da Fazenda em novembro, ainda precisa do aval do Congresso Nacional. Caso aprovada, a isenção no IR entrará em vigor a partir de 2026, beneficiando milhões de brasileiros.
A iniciativa tem apoio significativo entre eleitores do presidente Lula e do ex-presidente Bolsonaro, destacando seu apelo entre diferentes segmentos da sociedade. Um estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made-USP) aponta que a isenção no IR, se implementada isoladamente, tende a beneficiar grupos já privilegiados.
Entre eles estão homens, pessoas brancas e residentes das regiões Sul e Sudeste. Segundo a pesquisa, a medida poderia acentuar desigualdades socioeconômicas em vez de reduzi-las. Esse cenário contraria o compromisso assumido por Lula, em sua posse, de priorizar a redução das desigualdades no atual mandato.
Quem será afetado pela nova faixa de isenção no IR?
O governo propôs ampliar a isenção no IR, atualmente válida para rendimentos de até dois salários mínimos (R$ 2.824 em 2024). A medida inclui ajustes nas alíquotas, reduzindo o imposto para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7,5 mil mensais.
Rendimentos entre R$ 7,5 mil e R$ 50 mil não sofreriam alterações na tributação. Já os super-ricos, com ganhos acima de R$ 50 mil mensais, seriam impactados com uma alíquota mínima de 10%. O pacote busca maior progressividade no sistema tributário, ao cobrar mais de quem tem renda elevada, enquanto amplia os benefícios para as faixas de menor poder aquisitivo.
Pesquisadores do Made-USP analisaram os efeitos da isenção no IR e outras medidas tributárias sobre desigualdades de gênero, raça e região no Brasil. Para isso, utilizaram dados de 2023 da Pnad Contínua, elaborada pelo IBGE.