É no mês de maio que começam a ficar prontos os principais índices e balanços do primeiro trimestre de 2020. Embora as medidas mais restritivas do isolamento tenham começado no final do período, já é possível entender melhor o tamanho dos impactos impactos do coronavírus na economia brasileira.
Com a redução das circulações, aglomerações e viagens, já era de se esperar uma redução nas atividades produtivas de maneira geral.
As grandes desvalorizações na bolsa brasileira também já davam sinais de que o mercado precificou uma decrescimento da economia brasileira.
Apenas com a chegada dos números oficiais que esse tipo de suposição poderia ser validada ou rejeitada.
Balanços Trimestrais
Um dos principais indicadores que se aguardava eram os balanços trimestrais das grandes companhias brasileiras.
Para quem não sabe, toda empresa com capital aberto na bolsa tem a obrigação de prestar contas ao acionistas e ao mercado, através da publicação de seus balanços e demonstrativos de resultados.
Os documentos têm datas diferentes para cada empresa, mas de maneira geral começam a ser divulgados na mesma época.
No final de abril e começo de maio começou enfim a divulgação dos dados pelas empresas. Muitos destes relatórios surpreenderam os investidores pelo grande impacto dos últimos dias de março no resultado geral os 3 primeiros meses de março.
Confira alguns exemplo de empresas com prejuízos históricos no período:
- Petrobrás – Prejuízo histórico de 48,5 bilhões
- CSN – Prejuízo de 1,3 bilhões
- JBS – Prejuízo de 5,9 bilhões
- Suzano Papel e Celulose – Prejuízo de 13,4 bilhões
Além do prejuízo das empresas isoladas, muitos setores econômicos foram afetados de maneira geral.
É o caso do setor de aviação que teve cerca de 90% dos vôos cancelados, empresas como Azul e Gol sofreram prejuízos bilionários. Empresas de turismo e viagens estão fazendo inclusive grandes promoções para garantir alguma receita no período.
Indicadores econômicos
Além dos balanços das próprias empresas, começamos a ter acesso a alguns indicadores econômicos dos primeiros meses do ano.
Um destes indicadores é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil (IBC-Br), conhecido no mercado com uma prévia do PIB, este dado nos permite ter uma ideia da evolução da economia brasileira.
Segundo os números do IBC-Br, o mês de março apresentou uma queda de 5,9% na atividade, o pior mês desde 2009. O mês foi tão ruim que derrubou o restante do resultado do trimestre para uma diminuição de 1,95% em relação ao final de 2019.
Mesmo assim, especialistas já alertam que estes resultados podem piorar para os meses de abril e maio. Já que nestes meses cresceu o número de cidades e estados adotando medidas de isolamento mais severas.
No final do mês maio sairá os números do IBGE para as parciais do PIB para o primeiro trimestre de 2020, o número representa o crescimento ou diminuição do mercado brasileiro de maneira geral.
Precificação da crise
Falamos muito sobre “o mercado precificou isto ou aquilo”, de maneira geral essa expressão significa que os preços das ações e consequentemente das empresas e da economia refletem um determinado cenário esperado pelo mercado.
Em períodos de incertezas, é comum que os investidores busquem modelos de situações parecidas para saber qual é o risco aproximado e tentar antecipar o tempo de quarentena e o resultado disto nas empresas.
Foi o que aconteceu no início do ano, a maioria do mercado financeiro brasileiro utilizou o modelo de países que já estavam passando ou até saindo do isolamento social.
É por isso que a precificação atual do mercado leva em consideração o isolamento até junho. Ao utilizar os cenários da China e Coreia para estimar o que aconteceria com as empresas brasileiras, era de se esperar uma queda nas receitas pelos próximos 3 ou 4 meses.
Infelizmente como nada na economia é estática, qualquer mudança no cenário base resultará em um nova precificação das empresas, da economia e do risco Brasil.
Sabemos que a instabilidade política e a falta de uma direção clara no combate ao Covid-19 não nos ajudam a espantar de uma vez por todas a crise atual.