- Saiba mais sobre a criação da moeda em comum para o Brasil e Argentina
- A nova moeda não vai acabar com o real
No último domingo, 22, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o projeto de criação de uma moeda em comum para uso no Brasil e na Argentina tem o objetivo de impulsionar o comércio com o país vizinho. No entanto, como a moeda será usada somente para transações comercias e financeiras, ela não acabará com o real e com o peso argentino.
A declaração de Haddad foi dada em sua chegada a Buenos Aires na comitiva do presidente Lula, que cumprirá agenda na Argentina nos próximos dias.
Aos jornalistas, Haddad disse que o assunto está sendo tratado por ele diretamente com o ministro da Economia, Sergio Massa.
“Estive com ele (Sergio Massa) mais de uma vez conversando e ele está querendo incrementar o comércio que está caindo muito”, disse Haddad. “(O atual momento do comércio) está muito ruim, e o problema é exatamente a divisa, né? Isso que a gente está quebrando a cabeça para encontrar uma solução. Alguma coisa em comum, alguma coisa que permita a gente incrementar o comércio porque a Argentina é um dos países que compram manufaturados do Brasil e a nossa exportação pra cá está caindo”, complementou Haddad.
A argentina, que vive uma das mais severas crises econômicas de sua história, está sofrendo com a inflação em alta, que atingiu 94,8% no ano passado . Fora isso, a falta de divisas vem causando uma forte desvalorização do peso.
Este quadro não é favorável para o Brasil, especialmente para a indústria, já que a Argentina é um importante cliente de produtos manufaturados brasileiros. “(A maneira para impulsionar o comércio) passa por driblar a dificuldade deles. Estamos pensando em várias possibilidades”, disse Haddad aos jornalistas.
No último domingo, o ministro da Economia disse em uma entrevista ao jornal Financial Times, que Brasil e Argentina decidiram “começar a estudar os parâmetros necessários para uma moeda comum, que inclui tudo, de questões fiscais ao tamanho da economia e o papel dos bancos centrais”.
Diante desta declaração e também da possibilidade de demais países da America Latina integrarem o uso da moeda, o Financial Times disse que o movimento “pode criar eventualmente o segundo maior bloco monetário do mundo”, atrás apenas da zona do euro. Porém, esta ideia de moeda conjunta, com circulação corrente entre os cidadãos comuns dos países da região, não é encarada com seriedade pelas autoridades brasileiras.
Em sua fala aos jornalistas, Fernando Haddad ironizou esta possibilidade. Ao ser perguntado se falaria com a imprensa nos próximos dias, ele disse: “Falo. Até porque estão dizendo que vai acabar o real”.
Moeda em comum
A reunião de Lula com o presidente da Argentina, Alberto Fernandez deve marcar o começo dos trabalhos de integração entre o real e o peso, que tem a finalidade de diminuir a dependência do dólar e estimular as duas maiores economias da América Latina.
“Haverá uma decisão para os estudos dos parâmetros necessários para uma moeda comum, que inclui desde questões fiscais até o tamanho da economia e o papel dos bancos centrais”, disse o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, ao Financial Times.
Desta forma, o projeto de criação da “sur”, sugestão de nome para a moeda dada pelo Brasil, deve abranger demais países da América Latina caso realmente vire realidade. Mas, o projeto dele levar alguns anos até ser concluído e colocado em prática.
Esta união monetária que poderá incluir toda a América Latina poderia responder por até 5% do PIB (Produto Interno Bruto), de acordo com projeções da Financial Times.
“São múltiplas as áreas em que voltaremos a trabalhar juntos em temas importantes para a qualidade de vida de nossas populações, como combate à fome e à pobreza, saúde, educação, desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e redução de todas as formas de desigualdade”, disseram os presidentes do Brasil e da Argentina em um artigo publicado no portal argentino Perfil no sábado, 21.
Antes de finalizar, Lula e Alberto Fernandez falaram sobre a criação da moeda única. “Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa.”