Na última semana estourou uma bomba chamada Americanas. Quem sinalizou que isto iria acontecer foi Sergio Rial, executivo que assumiu a presidência da empresa no início do ano e que decidiu sair em menos de duas semanas. O estopim foram “inconsistências contábeis” R$ 20 bilhões.
A empresa não esclareceu até agora se este montante é um passivo que os investidores acabaram não vendo no balanço até setembro do ano passado, ou se haverá uma reclassificação de um compromisso pré-existente, mas que agora será tratado como dívida financeira.
De uma forma ou de outra, os vestígios espalhados pela bomba já foram o bastante para derrubar as ações da empresa em cerca de 80% em poucas horas no pregão da última quinta, 12.
Pensando em toda essa situação, os investidores que possuem papéis ou títulos de dívida da varejista se perguntam o que fazer a partir de agora.
O analista de ações da Levante, Fávio Conde apontou para três pontos que precisam ser observados antes por aqueles que ainda são ou, corajosamente, deseja acionista da Americanas agora.
O primeiro ponto é o de acompanhar os passos de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, bilionários e acionistas que possuem a maior fatia na empresa. “Eles têm a obrigação moral de fazer um aporte na empresa, já que não acompanharam o negócio tão de perto antes. Se cada um coloca R$ 5 bilhões na companhia já são R$ 15 bilhões. Eles têm dinheiro suficiente para fazer isso, e boa parte do rombo estaria coberto. Renegociar a dívida de R$ 5 bilhões que restasse não seria nenhum bicho se sete cabeças”, disse Flávio ao Valor Investe.
Já os outros dois pontos que se devem ficar atento, de acordo com o analista, é sobre o que já foi e o que ainda vem pela frente. “Os antigos executivos da companhia precisam vir a público para explicar o que aconteceu. Se eles não sabiam desse rombo, foram negligentes. Se sabiam, pior ainda”, disse Flávio ao Valor Investe.
“Fora isso, a PwC, que fazia auditoria da empresa, tem muito a explicar, para ajudar investidores a entenderem o que afinal aconteceu. Se existe algo semelhante entre empresas do varejo, como sugeriu Rial, muito dificilmente é dessa magnitude, e causa espanto ao longo de anos ninguém ter percebido nada.”