Beneficiários do Auxílio Brasil são submetidos a noites ao relento, expostos à fome e violência para garantir o benefício. A situação pode ser vista nas extensas filas que se formam nas portas dos Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), em busca da atualização do Cadastro Único (CadÚnico).
O prazo para atualização do CadÚnico terminaria na última sexta-feira, (14), mas o Governo Federal decidiu prorrogar em mais 30 dias. Ainda assim, os beneficiários do Auxílio Brasil correm para regularizar a situação com receio de perder o direito ao benefício. Mas o procedimento não é tão simples quanto parece.
Mesmo com as novas funcionalidades no aplicativo e site do CadÚnico, a atualização cadastral tem sido feita exclusivamente no modo presencial. Esta limitação leva os segurados do Auxílio Brasil a enfrentarem filas extensas para serem atendidos nas unidades do CRAS.
Na maior parte dos casos, os beneficiários precisam passar a noite na fila para garantir o atendimento. Nesta condição, passam sede, fome, além dos riscos de ficarem expostos não só ao desconforto, mas sobretudo à violência cometida por criminosos que tendem a se aproveitar de tal vulnerabilidade.
O CadÚnico é a porta de entrada para o Auxílio Brasil. O sistema reúne informações sobre a população brasileira de baixa renda e em situação de vulnerabilidade social.
Uma vez que a inscrição foi feita, o cidadão deve se atentar à atualização dos dados a cada dois anos, ou sempre que houver mudanças na estrutura familiar, como endereço, telefone, renda, morte ou nascimento.
O Cadastro Único costuma estar hospedado nas unidades do CRAS. No Rio de Janeiro, por exemplo, existem 47 CRAS, os quais devem se organizar para acabar com as filas de espera formadas por beneficiários do Auxílio Brasil o mais rápido possível.
Na oportunidade, Eliane Rodrigues, de 55 anos, contou ao jornal Extra que saiu de casa às 16h40 da última quarta-feira, (12), para entrar na fila e garantir o atendimento.
Segundo ela, já completaram quatro anos sem nenhuma atualização cadastral. Ela se inscreveu no CadÚnico antes da pandemia, e nunca mais regularizou a situação. Agora, preocupada em perder o direito ao Auxílio Brasil, ela passou a noite na fila, enfrentando a sensação de temor sobre o que pode acontecer.
“Ainda mais porque no dia anterior teve arrastão aqui na fila [em Bangu]. Uns homens com arma chegaram e levaram o celular e até os biscoitos de quem estava pernoitando na calçada, e nessa madrugada uma pessoa foi assaltada do outro lado da rua”, contou Eliane.
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Como funciona o CadÚnico para beneficiários do Auxílio Brasil?
A família que deseja se inscrever no CadÚnico deve apresentar uma renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa, ou seja, R$ 606,00 ou três salários mínimos como renda familiar, R$ 3.636,00.
Se o grupo familiar se enquadrar nas condições solicitadas, basta procurar o Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) mais próximo, situado no município em que reside. Vale ressaltar que é bastante comum ter mais de um CRAS espalhado pela cidade, com o objetivo de atender melhor cada região.
Para se inscrever no CadÚnico é preciso:
- Ter uma pessoa responsável pela família para responder às perguntas do cadastro. Essa pessoa deve fazer parte da família, morar na mesma casa e ter pelo menos 16 anos.
- Para o responsável pela família, de preferência uma mulher, é necessário o CPF ou Título de Eleitor.
- Exceção: no caso de responsável por famílias indígenas e quilombolas, pode ser apresentado qualquer um dos documentos abaixo. Não precisa ser o CPF ou o Título de Eleitor.
Além do mais, é essencial apresentar pelo menos um dos documentos a seguir de todos os membros da família:
- Certidão de Nascimento;
- Certidão de Casamento;
- CPF;
- Carteira de Identidade (RG);
- Certidão Administrativa de Nascimento do Indígena (RANI);
- Carteira de Trabalho;
- Título de Eleitor;
- Comprovante de residência atual.