Tanto Luiz Inácio Lula da Silva quanto Jair Bolsonaro precisará reconsiderar a questão fiscal brasileira para o próximo ano. O entendimento é dos ex-presidentes do Banco Central, Gustavo Loyola, atual sócio da Tendências Consultoria, e Luiz Fernando Figueiredo, CEO da Mauá Capital, ao InfoMoney.
Após a apuração do primeiro turno, Lula e Bolsonaro vão disputar a presidência da República nas eleições 2022. O segundo turno será realizado no dia 30 de outubro.
Na visão dos ex-dirigentes do Banco Central, ambos devem sinalizar ao centro político — tanto para reconstruir alianças no Congresso quanto para obter votos.
Segundo Figueiredo, Lula e Bolsonaro precisarão seguir, em seus discursos, rumo ao centro. Ele entende que “isso significa políticas (fiscais) mais razoáveis”. Mesmo que o arcabouço fiscal esteja muito “atrapalhado”, ele acredita que houve progresso na agenda de reformas nos últimos anos.
Loyola destaca a necessidade de avaliar dois vetores. O primeiro, de curto prazo, é o cenário fiscal — mesmo que não haja um risco iminente de crise nesse segmento. Já o segundo é institucional, com o desafio de aumentar a produtividade com mais reformas estruturais.
O executivo afirma que, diante da nova composição do Congresso — com fortalecimento de representantes da direita —, Lula passaria a ter mais problemas em um possível mandato. Neste cenário, o petista teria que realizar alianças com o ‘Centrão’.
No caso de Bolsonaro, haveria mais facilidade de relacionamento com os integrantes, “desde que haja liderança do governo”, afirma Loyola.
Política fiscal segue como dúvida em disputa entre Lula e Bolsonaro
Em relatório, analistas da XP alegam que Lula e Bolsonaro sinalizaram o desejo de modificar o teto constitucional de gastos como principal âncora fiscal. Apesar disso, eles não esclareceram os próximos passos.
Diante da situação em que o Brasil ainda conta com dívida e serviços de dívida altos, a casa entende que, a partir do próximo ano, a diretriz da política fiscal é essencial para que as projeções de inflação sigam caindo — abrindo a possibilidade para que o Banco Central diminua a taxa de juros futuramente.
Por conta do resultado do primeiro turno mais apertado do que o indicado nas pesquisas eleitorais, os analistas acreditam que Lula pode ser pressionado a informar mais detalhes sobre o plano econômico e a equipe.