O presidente da República e candidato às eleições 2022, Jair Bolsonaro, tornou o Auxílio Brasil, principal ponto estratégico da campanha eleitoral. No entanto, foi infeliz ao fazer uma crítica polêmica a respeito do programa na última quarta-feira, (21).
Embora não tenha mencionado diretamente o programa, Bolsonaro afirmou que os pobres foram acostumados a não terem profissão. Na oportunidade, ele aproveitou para alfinetar o rival petista e também candidato ao pleito eleitoral, Lula, que se empenhou na concessão do antecessor do Auxílio Brasil [Bolsa Família], durante os oito anos que esteve no poder.
“Tirar as pessoas da linha da pobreza é um trabalho gigantesco, são pessoas que foram ao longo dos anos acostumadas a não se preocupar, ou o Estado negar uma forma de ela aprender uma profissão. Nós pensamos e trabalhamos de forma diferente”, afirmou.
Durante a declaração, Bolsonaro parece ter tido um breve lapso de consciência sobre a declaração envolvendo o Auxílio Brasil e a população vulnerável. Ele tentou contornar a situação justificando que determinadas profissões não precisam de estudos para serem exercidas.
“Por exemplo, você quer vender uma carrocinha de cachorro-quente na praça. Você não tem que ter estudo para isso, com todo o respeito. Você tem que entrar com o pedido de alvará e a prefeitura conceder”, ponderou.
Disponibilidade do Auxílio Brasil
O número de beneficiários atuais é de 20,65 milhões. Ainda assim, existe certa dificuldade em levar o programa para os mais de 33 milhões de brasileiros que passam fome.
O número de brasileiros que passam fome foi constatado através do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. Realizado pela Rede Penssan, os dados foram divulgados em junho deste ano, fazendo um contraponto às divulgações intensas do governo quanto ao amparo aos vulneráveis perante a concessão do Auxílio Brasil.
O quantitativo não parece ter sido do agrado do ministro da Economia, Paulo Guedes, que durante evento do qual participou na última quarta-feira, (21), aproveitou para fazer críticas e negar a existência dos 33 milhões de brasileiros que passam fome.
Segundo ele, a insegurança alimentar no Brasil foi solucionada mediante a viabilização do Auxílio Brasil que, atualmente, oferece um valor três vezes maior do que os programas vigentes em governos anteriores.
O presidente Jair Bolsonaro também negou a escalada da fome este ano. Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, em agosto, Bolsonaro disse que, no Brasil, não se vê gente “pedindo pão” na porta da padaria.