Entenda porque a renda do brasileiro é a menor dos últimos 10 anos

Pontos-chave
  • Durante a pandemia, brasileiro teve a menor renda da história;
  • Regiões Sul e Sudeste foram as únicas que conseguiram manter os maiores rendimentos;
  • Brasileiros que recebiam benefícios sociais tiveram a renda drasticamente afetada.

Dados levantados pela pesquisa Rendimento de Todas as Fontes, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a renda do brasileiro teve uma queda histórica, atingindo o menor valor em 10 anos. O levantamento considera o rendimento médio mensal real domiciliar per capita, que caiu no decorrer de 2021. 

Entenda porque a renda do brasileiro é a menor dos últimos 10 anos
Entenda porque a renda do brasileiro é a menor dos últimos 10 anos. (Imagem: Montagem/FDR)

Após uma queda na margem de 4,3% em 2020 influenciada pelo surgimento da Covid-19 que desencadeou uma pandemia persistente, o índice foi acentuado diante da perda da renda do brasileiro no ano passado. Na prática, os trabalhadores obtiveram a remuneração média de R$ 1.353 em 2021, a menor da série histórica da pesquisa. 

A quantia também é 4,5% menor do que os registros de anos anteriores. Em 2012, por exemplo, a média da renda do brasileiro era de R$ 1.417. Mesmo diante de tal discrepância entre os números, é importante ter em mente que o Brasil é um país grande, e existe uma série de indicadores distintos e relevantes que devem ser levados em consideração ao observar o desempenho das cinco regiões brasileiras. 

O Norte e Nordeste, por exemplo, foram as regiões com os menores valores. Nestas localidades, a renda do brasileiro foi de R$ 871 e R$ 843, respectivamente. Também foi onde ocorreram as maiores perdas no biênio em que a pandemia se encontrava no período mais crítico (2020-2021). Neste período, as perdas foram de 9,8% e 12,5% respectivamente. 

Por outro lado, as regiões Sul e Sudeste conseguiram manter os maiores rendimentos, na margem de R$ 1.656 e R$ 1.645, respectivamente. Na comparação da renda média mensal real domiciliar per capita nos últimos 10 anos, nota-se que todas as regiões do país tiveram reduções.

Sobretudo, o pior desempenho foi na região Norte, onde a renda do brasileiro caiu de R$ 968 para R$ 871. A nova quantia representa uma queda de 10%, bastante superior à média brasileira de 4,5%. 

Renda do brasileiro com base em benefícios

O levantamento feito pelo IBGE também comparou os resultados de domicílios que não recebiam o amparo de nenhum benefício de transferência de renda, como o Bolsa Família, ou outros. 

Na transição de 2020 para 2021, foi identificada a maior queda no rendimento médio em todos os domicílios brasileiros. Porém, uma intensidade maior foi notada naqueles que recebiam benefícios sociais que, por consequência, também são os que possuíam a menor renda per capita.

O rendimento domiciliar per capita dos domicílios beneficiários do Bolsa Família teve um recuo de 10,8%. Em contrapartida, nos domicílios não beneficiários a perda foi apenas de 5,4%.

Já em lares com brasileiros recebendo qualquer outro benefício social a redução foi de 26,1% no rendimento médio. A queda se sobressai no período em que o auxílio emergencial parou de ser pago, pois a perda na renda do brasileiro foi de 10,3% neste caso. 

No cenário de quem era ou não contemplado pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), a diferença não foi tão drástica. A queda foi de 7,8% nos domicílios com beneficiários e de 6,9% em que não contava com este auxílio. Na oportunidade, a analista do IBGE, Alessandra Saraiva Brito, observou que:

“Esses programas sociais estão em domicílios com renda menor, o que já era esperado por ser o foco das políticas públicas. Mas o que os dados mostram é que foram justamente esses domicílios os afetados de forma mais intensa pela perda de renda”, ponderou.

Alta da inflação afeta renda do brasileiro em vulnerabilidade

Os dados do IBGE mencionados acima fazem parte da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua (Pnad Contínua) cujo tema é: “Rendimento de Todas as Fontes 2021”. O estudo analisa não só os ganhos com o trabalho e programas sociais, como também fontes de renda como aposentadorias, pensões e aluguéis. 

Conforme afirmado pela pesquisadora do IBGE, Alessandra Brito, ao Folha de S.Paulo, a inflação em alta foi a grande responsável pelas perdas generalizadas entre os variados grupos de brasileiros nos últimos dois anos, sobretudo em 2021.

Isso porque, os cálculos que dispuseram os resultados do levantamento consideraram o aumento dos preços de produtos e serviços, ajustados pela inflação.

Laura AlvarengaLaura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.