Preocupante: ações da Via (VIIA3) podem passar a valer menos de R$ 1; entenda o que está acontecendo

Pontos-chave
  • Via enfrenta queda em suas ações
  • Ações devem continuar em baixa no curto prazo, dizem analistas
  • Magalu e Americanas também enfrentam um momento delicado

No último dia 12, os papéis da Via, antiga Via Varejo, estavam cotados a R$2,71, o mesmo valor de seis anos atrás. Apenas neste ano, a ação já enfrenta uma queda de 45,58%. Em 12 meses, esta desvalorização é ainda mais significativa, de 74,46%. Com isso, a Via corre o risco de virar uma “penny stock”?

“Penny stock” é uma empresa da qual suas ações na bolsa são negociadas por menos de R$1. Este valor é considerado um limite, que quando é cruzado, deixa a empresa no limbo. Quando uma companhia está neste patamar é uma sinalização de que ela pode estar enfrentando grandes problemas financeiros ou que não possui a confiança do mercado.

A Via, no primeiro trimestre deste ano, apresentou uma baixa de 90% no lucro líquido contábil ante o mesmo período de 2021. O montante está atualmente em R$ 18 milhões, contra R$ 180 milhões obtidos um ano antes. A margem de lucro líquida também despencou de 2,4% para 0,2%.

Empresas como Magazine Luiza e Americanas, pares que também estão na Bolsa, padecem com a conjuntura macro de juros e inflação nas alturas. Apesar disso, a Via se encontra em uma situação financeira mais complicada diante dos concorrentes. A queda acentuada está deixando os investidores, que mantiveram os papéis em sua carteira, apreensivos. Mas será que a Via pode se tornar a ‘nova’ penny stock da Bolsa? 

Na visão da analista de research da Ativa Investimentos, Lívia Rodrigues, as projeções permanecem desfavoráveis para a empresa no curto prazo. Ela não enxerga gatilhos de melhora para a Via em meio a alta da inflação e ao período eleitoral. 

De outro ponto de vista, Livia diz que os ricos em torno do papel já estão precificados, ou seja, ação não deve chegar de R$ 1. “A Via tem muita exposição a bens duráveis, como móveis e eletrodomésticos. Com a redução da renda disponível do consumidor, estes são itens cujo consumo fica muito ‘machucado. Mantemos nossa perspectiva conservadora tanto para Via, quanto para o e-commerce no Brasil”, explicou ela ao E-Investidor.

Mesmo com a redução já esperada da lucratividade, a analista também enxergou os resultados da empresa como “mistos”. Ela destacou que as vendas ficaram 3% mais baixas do que o esperado pela Ativa. A receita líquida encolheu de R$ 7,5 bilhões no 1° trimestre do ano passado para 7,4 bilhões no mesmo período deste ano.

O avanço do GMV digital (marketplace) também recuou em 12 meses. No primeiro trimestre de 2021, foi registrada uma alta de 123,5%. Já nos três primeiros meses  de 2022, a alta foi de apenas 12%. “Essa parte do resultado consideramos negativa. Mas quando olhamos para a rentabilidade, a margem EBITDA (de 10,2%) veio mais de 1 ponto percentual acima do que eu estava esperando. Eles fizeram uma contenção de gastos muito eficiente e conseguiram entregar uma margem melhor”, afirmou Lívia ao E-Investidor. 

Na visão do analista da Nova Futura Investimentos, as ações da Via não devem ver dias melhores no curto prazo, porém, também não deve acontecer uma pressão que provoque a queda da empresa para menos de R$1.

“Na minha concepção o resultado veio ruim. Precisamos de mais tempo e mais resultados para aferir se haverá robustez no faturamento dela. A Via ainda passa em um momento em que os custos são elevados, as margens estão espremidas, e isso tem muito relacionado a questão de cenário da empresa”, disse Jaconeli ao E-Investidor.

A situação atual da Via é bem distante do que ela atravessou em 2020. Naquele ano, a companhia foi um dos grandes destaques da bolsa. A maior tendência a compras pela internet depois do começo da pandemia e um cenário macro de juros e inflação em baixa estimulou  o papel a fechar o exercício com valorização de 44,67%, aos R$ 16,16.

Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.