Mães e Empreendedoras: Quem vai cuidar do negócio quando você der à luz?

Mães empreendedoras já durante a gravidez precisam lidar com a preocupação de como os negócios seguirão após o parto. A situação estressante é destaque em levantamento feito pelo Movimento Aladas e o Sebrae.

A pesquisa feita entre março de 2020 e setembro de 2021, aponta o quão distante ainda estamos de alcançar a igualdade de gênero no meio profissional. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, o objetivo da equidade foi ainda mais afetado durante a pandemia e por isso estamos a 135 anos de alcançá-lo.  

Um dos desafios da busca pela igualdade de gênero no setor profissional é o desafio da jornada dupla, majoritariamente enfrentado por mulheres. 

Maternidade e vida profissional

A fundadora do Movimento Aladas, Daniela Graicar, conta sobre sua experiência com a maternidade e conciliação com a carreira.

 “Na minha primeira maternidade, perdi vários clientes que claramente acharam que eu não voltaria ao trabalho com a mesma energia. Homens e mulheres. Acabei ficando somente 20 dias fisicamente distante da agência. Essa dependência que os pequenos negócios têm em relação à fundadora é muito importante. Fato é que minha energia nunca diminuiu e a maternidade nos torna mais produtivas, focadas e jamais incapazes de dar conta do recado.”, comenta.

Em meio ao cenário difícil para essas mães, o setor do empreendedorismo se mostra atrativo, como uma saída para equilibrar a maternidade e vida profissional, é o que aponta a pesquisa “O voo delas”. De acordo com o levantamento, 46% das mulheres que abriram seus negócios durante a pandemia têm como objetivo ter mais autonomia e flexibilidade para ficar com a família.

No estudo, foram ouvidas mais de 1,1 mil mulheres, além disso foram vistos como estas exploram suas rotinas e driblam as dificuldades sofridas pelo público feminino que empreende e gere seu próprio negócio. Segundo as informações levantadas, 25% das mulheres se encaixam na faixa etária dos 18 aos 30 anos. 

“Isso demonstra que as mulheres estão empreendendo mais jovens, se sentindo preparadas e seguras mais cedo e perdendo um pouco do medo de errar e correr riscos. Empreender não é fácil, mas pode ser uma saída para a autonomia e liberdade. Quando a gente tem acesso à informação, ganha coragem de avançar no empreendedorismo”, afirma Thais Piffer, Gerente de Gestão Estratégica do Sebrae-SP.

Empreendedorismo e período pós parto éle preocupação entre mulheres que investem no próprio negócio

A fundadora do Aladas destaca uma reflexão importante: “Existe uma pergunta que devemos eliminar do ecossistema empreendedor: Quem vai cuidar da sua empresa quando você der à luz? Ué?! Eu mesma! Dar à luz não é apagar a luz! Caro investidor, cliente, sócio, depois do parto, a gente segue aqui, equilibrando os pratos da vida com desenvoltura, sorrindo, aprendendo a impor limites e a dividir os cuidados com mais alguém. Afinal, a não ser que a mulher tenha optado por ser mãe solo, esse bebê também tem pai ou uma outra mãe”, afirma Daniela.

Pouco mais da metade das mulheres empreendedoras afirmou que em algum momento pensou em desistir do negócio – cerca de 52%, o que significa um porcentual 13% acima do registrado pelos homens – 46%. Entre as justificativas para se manter firme na decisão de seguir empreendendo estão o sonho (43%), o que já construíram até ali (34%) e a necessidade financeira (31%).

“Cada vez menos as mulheres pensam em desistir. As mulheres se sentem cada vez mais preparadas em relação às habilidades emocionais, aspecto importante para o sucesso dos negócios”, enfatiza Daniela.

Apesar das maiores dificuldades enfrentadas pelas mulheres, os números se mostram promissores, e apontam como elas vêm assumindo o protagonismo de suas jornadas profissionais.

Hannah AragãoHannah Aragão
Graduanda em jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco, a UFPE. Atuei em diferentes áreas da comunicação, como endo marketing, comunicação estratégica e jornalismo impresso. Atualmente me dedico ao jornalismo online na produção de matérias para o FDR.