Após paralisação dos servidores do Banco Central, Focus retoma com mais pessimismo; confira

Pontos-chave
  • O mercado prevê um cenário pior para a economia brasileira neste ano;
  • A inflação deve superar novamente a meta estabelecida pelo CMN;
  • O boletim Focus não foi divulgado nas últimas semanas devido à greve de servidores do BC.

Nesta terça-feira (26), o Banco Central voltou a divulgar as estimativas do mercado para indicadores econômicos. A publicação do boletim Focus estava suspensa desde 28 de março por conta da paralisação de servidores do BC. Segundo o documento, os economistas preveem inflação e taxa Selic maiores.

Após paralisação dos servidores do Banco Central, Focus retoma com mais pessimismo; confira
Após paralisação dos servidores do Banco Central, Focus retoma com mais pessimismo; confira (Imagem: Montagem/FDR)

As estimativas presentes no boletim Focus foram coletadas na semana passada. A pesquisa leva em conta a previsão de mais de 100 instituições financeiras.

Estimativa do mercado para a inflação

Os agentes econômicos aumentaram a estimativa para a inflação neste ano de 6,86% para 7,65%. Este foi o 15º aumento consecutivo na previsão de inflação para 2022.

Caso a previsão se concretiza, será o segundo ano seguido que o Brasil estourará a meta de inflação. Estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o centro da meta de inflação para este ano é de 3,5% — com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Desde o ano passado, os economistas já estimam que a inflação deste ano superaria o teto da meta. Até mesmo o Banco Central, no fim de março, admitiu que a meta de inflação deve ser ultrapassada em 2022. A autoridade monetária estima que a possibilidade de “estouro” dessa meta é de 88% a 97%.

Já para 2023, o mercado aumentou a previsão de inflação de 3,80% para 4%. O centro da meta para o próximo ano é de 3,25% — com a mesma margem de tolerância de 1,5 p.p.

A guerra na Ucrânia vem causando uma revisão nas estimativas de inflação. Por conta deste conflito no leste europeu, o preço dos combustíveis vem aumentando, de modo a afetar as previsões de economistas para o indicador.

Estimativa do mercado para a taxa de juros

Para cumprir a meta de inflação, o Banco Central tende a aumentar a taxa Selic. Atualmente, a taxa básica de juros da economia está em 11,75% ao ano.

O mercado financeiro aumentou a previsão de 13% ao ano para 13,25% ao ano no final deste ano.

Já para o fim de 2023, os economistas estimam que a taxa básica de juros deve ser de 9% ao ano. Na previsão divulgada no fim de março, o mercado também indicava que a Selic teve ficar nesse patamar. Sendo assim, os economistas acreditam que os juros devem cair no próximo ano.

Estimativa do mercado para o PIB

Os agentes financeiros aumentaram a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) desde ano de 0,50% para 0,65%. O PIB representa a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.

Já para o próximo ano, os economistas reduziram as perspectivas para o indicador, de 1,30% para 1%.

Em 2021, o Produto Interno Bruto brasileiro cresceu 4,1%. Com isso, o país saiu da recessão técnica do quarto trimestre. No acumulado anual, em valores correntes, o PIB chegou a R$ 8,7 trilhões.

Estimativa do mercado para o dólar

A projeção para o dólar no fim deste ano caiu de R$ 5,25 para R$ 5. Já para o fim de 2023, a estimativa para a taxa de câmbio reduziu de R$ 5,20 para R$ 5.

Nos últimos dias, a cotação do dólar vem aumentando em relação ao real. Nesta quarta-feira (27), a moeda norte-americana chegou a superar a casa dos R$ 5.

Servidores do Banco Central pedem reajuste salarial para interromper greve
Servidores do Banco Central pedem reajuste salarial para interromper greve (Imagem: Montagem/FDR)

Greve no Banco Central interrompeu divulgação do boletim Focus

Desde 28 de março, devido à greve dos servidores do Banco Central, o boletim Focus não era divulgado. A paralisação começou no dia 1º de abril. Os servidores da entidade solicitaram um reajuste salarial de 27%.

Para atender a demanda, o Banco Central propôs um aumento de 5% — mesma quantia oferecida pelo governo federal para todas as categorias. No entanto, o presidente do Sindicado Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, alegou que essa sugestão do governo não atende a categoria.

Apesar disso, representantes dos servidores do BC informaram que a categoria decidiu suspender a greve até o começo de maio. De qualquer forma, se o governo não oferecer uma proposta salarial melhor até 2 de maio para todos os servidores federais, a greve deve retornar no dia seguinte “automaticamente”.

Silvio SuehiroSilvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.