Apenas em janeiro deste ano, 13 companhias desistiram de realizar a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Empresas estão desistindo de abrir capital na bolsa de valores em meio a dificuldades macroeconômicas enfrentadas.
Nos dois últimos anos, foi observados recordes de entradas na bolsa de valores. Em 2020, 28 empresas abriram capital. Já em 2021, o número chegou a 52.
Apesar disso, recentemente, o cenário macroeconômico brasileiro tem passado por alterações. Atualmente, há uma perspectiva diferente — tanto para os possíveis investidores dispostos a se tornar sócios, quanto para as companhias que necessitam captar recursos.
Empresas estão desistindo de abrir capital na bolsa de valores devido a alguns fatores
Conforme especialistas consultados pelo 6 Minutos, existem alguns fatores que dificultam a entrada de empresas na bolsa.
Possivelmente, o grande fator que afeta o mercado de capitais é a elevação da taxa de juros. Isso porque impacta diretamente os resultados das companhias — além do valor de mercado.
Conforme o presidente-executivo da Associação dos Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Fábio Coelho, esse fator causa uma alta no custo de capital das empresas. Ainda há uma redução das receitas, diante do achatamento do consumo das famílias. Como resultado, o lucro das companhias diminui.
O custo de oportunidade da renda fixa também impacta no panorama. Os juros maiores tornam os retornos da renda fixa mais atrativos, em comparação à bolsa — que tem mais volatilidade e paga menos.
Este ano é marcado pelo período eleitoral, com a tensão pré-eleitoral presente no país. O panorama político segue com grande polarização. Por conta disso, a área de investimentos fica afetada, também levando em conta as preocupações com a questão fiscal.
Outro motivo para o cenário atual é a inquietação dos gestores. Para as gestoras de fundo com ações na carteira, um dado importante é a liquidez dos papéis que elas adquirem.
O motivo é que, em situações de estresse, diversos cotistas tendem a deixar os fundos — e para atender as solicitações de resgate, as gestoras devem transformar os ativos em dinheiro.
Segundo o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, por conta disso, há a tendência de preferência por companhias mais consolidadas. Com essas ações, as gestoras sabem que não existirá dificuldade de liquidez, se haver uma onde de resgates em situações negativas.
Já no caso de uma companhia novata, o estrategista explica que o panorama é mais difícil. Neste cenário, as small caps sofrem bastante.
O último fator citado são os fracassos recentes de muitas empresas que abriram capital na bolsa. Diante disso, o gestor da Infinity Asset, Fernando Siqueira, explica que os gestores estão mais seletivos sobre os próximos IPO que entrarão.