Inflação atinge até o Papai Noel: varejo deve faturar menos no Natal por conta da alta de preços

O Natal é considerada uma das melhores datas do ano para o comércio. Porém, em 2021, o conjunto formado por altos índices de desemprego, atividade fraca e inflação nas alturas pode prejudicar pelo segundo ano consecutivo as vendas neste período. A data deve sofrer uma queda real de 2,6% (descontada a inflação), em comparação com o ano passado, de acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), que estima vendas de R$57,48 bilhões. Em 2020, a queda no faturamento real foi de 2,9%.

O movimento de consumidores nas lojas, segundo a CNC, ultrapassou em 1,9% o fluxo registrado em fevereiro do ano passado, o último antes da pandemia. 

Por conta da dificuldade que o comércio varejista vem enfrentando para repassar as altas de preço do atacado e devido a estabilidade no câmbio, as lojas estão dando preferência a importarem os itens de natal. 

Neste ano o valor em importações cresceu 19% entre os meses de setembro e novembro, em comparação com 2020. A taxa média de câmbio entre estes meses de 2020 e também em 2021, permaneceu estável.

Apesar deste aumento na importação, o levantamento da confederação revelou que a inflação de Natal, que engloba 24 itens mais comprados na data, cresceu 13,8% nos últimos 12 meses.

Mais vendidos no fim do ano mais caros

A produção dos produtos queridinhos do Natal como celulares, TVs e geladeiras também foi afetada pela falta de peças.

Jorge Nascimento, presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), afirmou que os fabricantes darão conta dos pedidos do comércio, porém o aumento no preço será inevitável.

De acordo com dados da GFK, o reajuste nos preços já está acontecendo em vários segmentos do setor, levando em conta os 12 meses encerrados em setembro. Confira:

  • Laptops: +40%
  • TVs: +30%
  • Smartphones: +30%
  • Geladeiras: +13%

Nascimento disse que os fabricantes estão fazendo o máximo para segurar o repasse dos preços, mediante a negociação de contratos com fornecedores e transportadoras, uma maior automação nas fábricas e diminuição da margem de lucro.

“Não deve faltar produto, mas estamos fazendo muito esforço para que os reajustes não cheguem ao consumidor. Hoje, estimamos um reajuste médio de 7% a 10%”, disse.

Ele admite, porém, que eventos inesperados podem acontecer e causar um desabastecimento. “Internamente, o maior risco de desabastecimento no nosso setor seria uma greve de caminhoneiros”, disse.

Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.