- De acordo com um levantamento realizado pela Ibre/FGV, com base em relatório do FMI, o Brasil possui o maior índice de inflação;
- O Brasil irá registrar uma inflação bem acima da apurada entre os países emergentes, sendo de 5,8%;
- Segundo o pesquisador do Ibre, André Braz, o motivo para esse cenário é a desvalorização da moeda brasileira;
De acordo com um levantamento realizado pela Ibre/FGV, com base em relatório do FMI, o Brasil possui o maior índice de inflação que os demais países do mundo. A causa é a desvalorização do real frente ao dólar e às incertezas fiscais.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o problema da inflação atinge o mundo inteiro. “Países que tinham zero [de inflação], agora estão em 4%, 5%. Países que tinham 4%, 5%, agora estão em 8%, 9%. Isso acontece, mas tem de haver resposta política”, afirmou Guedes.
Porém, segundo a pesquisa do Ibre/FGV, o Brasil deve fechar o ano com o maior índice do que 83% países. O Ibre utilizou os últimos dados divulgados no relatório “World Economic Outlook”, elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Sendo assim, a inflação no Brasil supera o encontrado na maioria dos países. Segundo o diretor do Banco Central Bruno Serra, o índice está em um “nível muito elevado” até para o país que já sofre com pressão sobre os preços há algum tempo.
O FMI estima que o Brasil termine o ano com uma inflação de em 7,9%. Porém, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 10,25% no acumulado de 12 meses até setembro.
Sendo assim, se a projeção for confirmada, o Brasil irá registrar uma inflação bem acima da apurada entre os países emergentes, sendo de 5,8%, e também da média mundial com 4,8%. Dessa maneira, mostra como a situação econômica no país não está nada favorável.
Projeção da inflação no mundo
O FMI realiza todos os anos duas projeções da inflação em cerca de 200 países. Essas análises são realizadas nos meses de abril e outubro e indicam os índices da inflação, Produto Interno Bruto (PIB) e investimento.
O último levantamento mostrou a piora da inflação tem sido mais intensa no Brasil do que no restante do mundo. No relatório de outubro de 2020 a previsão era que a economia teria uma inflação maior do que 57% dos países.
Porém, no relatório de abril, esse patamar subiu para 70% e agora, no levantamento de outubro deste ano está em 83%. Segundo o pesquisador do Ibre, André Braz, o motivo para esse cenário é a desvalorização da moeda brasileira diante das outras.
A situação do país pode ser ainda pior, pois, segundo o relatório Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, a estimativa do IPCA é de 8,69% para 2021. Com isso, a alta de preços no Brasil supera a de 86% das nações.
Por que a inflação no Brasil é pior?
As causas que levam a essa situação são a alta dos preços dos alimentos gerada pela escassez dos produtos, após a queda da produção durante os piores meses de pandemia. Porém, esse cenário deveria ter feito o real valorizar diante do dólar, já que o Brasil é um grande exportador de produtos básicos, como soja e milho.
Com isso, seria possível ajudar no combate à inflação, fortalecendo a moeda brasileira com a entrada de dólares no país. Porém, não é o que tem acontecido, já que o real segue desvalorizado diante das incertezas nas áreas fiscais e política.
“A causa para a taxa de câmbio apreciar em vez de depreciar foi provocada pela crise institucional e por um certo flerte com a irresponsabilidade fiscal. Essas duas incertezas geraram uma percepção de risco dos investidores sobre o Brasil e a taxa de câmbio depreciou “, afirma Luiz Figueiredo, CEO da Mauá Capital.
Para piorar a situação, o Brasil enfrenta uma forte alta dos preços dos combustíveis e da energia elétrica. Diante disso, no mês de setembro começou a vigorar uma nova bandeira tarifária “escassez hídrica”, a mais cara desde a criação do sistema em 2015 que traz quatro indicadores.
A ação visa compensar o custo do uso das termelétricas na geração de energia no país. Atualmente, o Brasil está enfrentando a pior crise hídrica dos últimos 91 anos. A causa é a falta de chuvas, períodos longos de estiagem e o baixo índice nos reservatórios de água que geram a energia.