- Brasil tem alta histórica no preço da cesta básica;
- Dieese afirma que atual valor do salário mínimo é 5 vezes menor que o necessário mediante a inflação;
- Bolsonaro culpa governadores pelo atual cenário brasileiro.
Feira fica ainda mais cara no Brasil. Há mais de um ano enfrentando a pandemia do novo coronavírus, o cidadão brasileiro permanece com dificuldades para manter a lista de compras em dia. Somente neste ano, houveram sete reajustes nos preços dos alimentos, fazendo com que o prato diário ficasse menor.
Há meses o trabalhador brasileiro vem se queixando sobre o aumento no preço dos produtos. No setor de alimentos, fazer feira virou uma grande dor de cabeça, uma vez em que insumos básicos como feijão e carne estão inviáveis para parte significativa da população.
Quais os alimentos mais caros atualmente?
De acordo com os levantamentos feitos pela FGV, o arroz é o item mais caro, tendo um aumento de 37%. Na sequência, está a carne, comercializada 32% a mais do que o apurado em 2020. Já o feijão preto subiu em 18%.
Diante do encarecimento, muitos cidadãos passaram a substituir alguns produtos. Porém, até mesmo aqueles vistos como os mais baratos estão sendo comercializados acima da média.
O frango, por exemplo, aumentou em 22%. Já o ovo está 13% mais caro. O prato feito, hoje em dia, teve um reajuste total de 22,7%, ainda segundo a FGV.
“Nossa economia é outra, muito mais sólida e desenvolvida, capaz de evitar um descontrole. Temos uma economia muito mais organizada, uma autoridade monetária comprometida com as metas de inflação. Naquele passado a gente não tinha nada disso. Naquela época a gente tinha uma inércia inflacionária muito grande. A política monetária se definia em mudar o nome da moeda e cortar zeros”, afirmou André Braz, Coordenador do IPC do FGV IBR.
Quais as regiões onde a cesta básica está mais cara?
Os últimos levantamentos feitos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indicam os estados com o maior preço nos alimentos. De acordo com a pesquisa, os mais caros são:
Fortaleza (3,92%), Campo Grande (3,89%), Aracaju (3,71%), Belo Horizonte (3,29%) e Salvador (3,27%). Já as regiões com o menor reajuste foram João Pessoa (-0,70%) e Brasília (-0,45%).
Especificamente no Nordeste, a capital mais barata é Salvador (R$ 482,58), seguido por Recife (R$ 487,60), que tem o percentual com o menor reajuste de 11,81. Depois vem Brasília com 29,42%.
Os relatórios pontuam ainda que em junho o produto mais caro foi o açúcar refinado em 7%, a manteiga em 2,87% e o leite integral com 2,46%. Já os mais baratos foram os laticínios devido à baixa oferta do leite no campo junto ao aumento no custo de produção.
O Dieese pontuou ainda que atualmente para manter uma família composta por dois adultos e duas crianças é preciso que o cidadão tenha uma renda mínima de R$ 5.518,79, ou seja, 5,02 vezes maior do que o piso nacional atual.
Bolsonaro afirma que inflação está associada a pandemia
Nessa semana, em entrevistas ofertadas por meio de sua agenda presidencial, Bolsonaro alegou que o aumento da cesta básica é responsabilidade dos governadores estaduais.
De acordo com ele, ao estimular as medidas de isolamento social para conter os efeitos do novo coronavírus, os gestores inflacionaram o preço dos produtos.
Para o atual chefe de estado, mesmo com mais de 570 mil mortes, a decisão de incentivar a população para se manter em casa é um risco, pois gera desemprego e consequentemente fome. No entanto, é válido ressaltar que seu governo, ciente da atual situação nacional, cortou o valor do auxílio emergencial em mais de 50%.
O benefício, criado justamente para minimizar os impactos do novo coronavírus e permitir que os brasileiros ficassem em casa seguros, teve um corte em suas mensalidades de R$ 1.200 para R$ 375.
Apenas com o atual valor máximo do programa, levando em consideração que há beneficiários recebendo apenas R$ 150, é de fato é impossível fazer feira e pagar pela cesta básica. Porém, até o momento não há nenhuma previsão de melhoria ou nova assistência social de fato qualificada para reduzir a pobreza.