A UnionPay é hoje a maior rede de cartões da Ásia e uma das maiores do mundo.
Ela nesceu em 2002, em Xangai, sob supervisão do Banco Popular da China (PBOC). O projeto veio com o objetivo de integrar o sistema bancário nacional e simplificar pagamentos dentro do país.
No entanto, com o tempo, se transformou em um instrumento de projeção econômica global. Isso, conectando o comércio chinês a outras nações por meio de uma infraestrutura financeira própria.
Assim, o braço internacional, UnionPay International (UPI), foi fundado para levar essa missão além das fronteiras da China.
O que é a UnionPay e como ela funciona
A UnionPay opera como uma bandeira de cartões, semelhante à Visa ou Mastercard.
Ela conecta bancos emissores, adquirentes, terminais de pagamento e sistemas de liquidação.
Sua base está na interoperabilidade — ou seja, permitir que diferentes instituições chinesas (e estrangeiras) transacionem dentro da mesma rede.
Além dos cartões físicos, a empresa desenvolveu soluções digitais e móveis, como o QuickPass, que permite pagamento por aproximação ou QR Code.
Hoje, a rede oferece:
- Cartões de crédito, débito e pré-pago;
- Pagamentos via mobile wallet e QR;
- Integração com e-commerce internacional;
- Serviços B2B para transações entre empresas chinesas e estrangeiras.
Esse ecossistema garante que turistas chineses e empresas possam operar fora do país sem depender inteiramente de redes ocidentais.
Crescimento global: números e alcance
De acordo com o Nilson Report, a UnionPay responde por cerca de 34% de todas as transações globais de cartão.
Desse modo, ela supera a Mastercard e se aproximando da Visa. Esse domínio se explica pelo mercado doméstico chinês, que sozinho representa bilhões de transações anuais.
Segundo dados da própria UPI, a rede:
- Está presente em 183 países e regiões;
- Possui emissão de cartões em 84 países;
- Trabalha com mais de 2.600 instituições parceiras;
- Conta com milhões de terminais de pagamento e centenas de milhares de caixas eletrônicos compatíveis.
Esses números colocam a UnionPay como uma das principais infraestruturas de pagamento do planeta. Mesmo que sua atuação fora da Ásia permaneça em expansão gradual.
UnionPay no Brasil: o que há de concreto em 2025?
No Brasil, a presença da UnionPay não é nova, mas tem se fortalecido de forma discreta.
Desde a metade da década de 2010, cartões da bandeira já podem ser utilizados em ATMs e terminais de redes locais, como REDE (Itaú), Stone e Saque e Pague.
A UnionPay International estima que cerca de 70% dos estabelecimentos brasileiros tenham compatibilidade com sua tecnologia, embora esse dado venha da própria empresa e possa variar conforme a região.
Hoje, os principais pontos são:
- Saque e Pague e Itaú permitem saques com cartões UPI;
- REDE e Stone oferecem aceitação em estabelecimentos físicos;
- Comércio eletrônico tem integração gradual via gateways parceiros;
- Turismo e free shops são os principais alvos do crescimento.
Ainda não há emissão local em larga escala — ou seja, cartões com bandeira UnionPay emitidos por bancos brasileiros.
A atuação permanece concentrada na aceitação de transações cross-border, voltadas a turistas e negócios internacionais.
Por que o Brasil é estratégico para a UnionPay?
O país é visto como ponte entre América do Sul e Ásia, com crescente volume de comércio bilateral com a China.
Além disso, a digitalização bancária brasileira cria terreno fértil para novas redes de pagamento.
Contudo, a expansão depende de parcerias locais e aprovação regulatória pelo Banco Central (Bacen).
O arranjo de pagamentos no Brasil é altamente supervisionado e exige integração técnica, segurança e conformidade com normas de compensação.
Em termos práticos, a UnionPay precisará consolidar três frentes:
- Integração com adquirentes e fintechs locais;
- Emissão nacional para uso doméstico;
- Educação de mercado — criar confiança entre consumidores e comerciantes.
Quais são os desafios e perspectivas futuras?
A entrada em mercados maduros implica desafios significativos.
A UnionPay enfrenta concorrentes consolidados, como Visa, Mastercard e Elo, além das carteiras digitais emergentes.
Entretanto, seu diferencial está na infraestrutura de pagamentos móveis e na ligação direta com o sistema financeiro chinês. Isso a torna uma alternativa para transações internacionais sem dependência total do dólar.
Nos próximos anos, é provável que vejamos parcerias específicas com fintechs brasileiras interessadas em operar com a Ásia. Claro, além da ampliação da aceitação digital.
Mais do que uma “nova bandeira” no mercado, a UnionPay representa uma mudança estratégica na forma como a China projeta seu poder financeiro pelo mundo.